Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

sexta-feira, 28 de maio de 2010

No PR, uso de agrotóxico é 3 vezes maior

A reportagem é de Aniela Almeida e publicada pela Gazeta do Povo, 28-10-2010.

De acordo com o estudo, o Paraná mantém apenas 12% de sua vegetação original, apenas dois pontos acima da média mínima preconizada pela ONU e pela Unesco como necessária para garantir a sobrevivência da biodiversidade e dos recursos hídricos. O índice ideal defendido pelos ambientalistas para inclusão no Novo Código Florestal é cobertura de 20%.

Junto com a necessidade de recuperação de áreas nativas vem a preocupação com o controle das áreas utilizadas pela agropecuária, que abrange 80% do território paranaense. Pela primeira vez, os pesquisadores do Ipardes avaliaram os aspectos relacionados a aplicação de agrotóxicos e os dados são alarmantes. A média de veneno aplicado nas lavouras do estado é três vezes maior que a média no Brasil.

Por ano, os agricultores paranaenses utilizam 12 quilos de agrotóxicos por hectares. Nacionalmente, a média divulgada pelo IBGE, é de 4 quilos por hectare (kg/ha). O maior consumo, 60% (como a média nacional) é de herbicidas, pesticida aplicado no controle de erva daninha. A região da Bacia Paraná 3 (núcleo regional em Cascavel) é a que mais utiliza os defensores agrícolas, são 23kg/ha, seguida pela região do Baixo Tibagi (núcleo regional em Londrina) com 20kg/ha e pela região do Alto Tibagi (núcleo regional em Ponta Grossa).

A gravidade aumenta com a classificação dos agrotóxicos. A maioria foi classificada como muito perigoso e perigoso. “Essa análise é importante, porque o uso desses produtos não é medido e eles afetam os recursos hídricos”, explica a coordenadora da pesquisa, Ana Claúdia Mueller. Além disso, o não tratamento da água utilizada no abastecimento público é o principal motivo de poluição dos mananciais. Mas em áreas como o Baixo Ivaí (núcleo regional Maringá), onde o maior consumo do recurso é na agricultura, a situação já é preocupante.

Trânsito

Outro levantamento inédito fala sobre o trânsito. A proporção de transporte coletivo em relação ao transporte particular (por habitante) é o que indica a sustentabilidade do modal. Os veículos de passeio são disparado o meio de transporte mais utilizado no estado. Os veículos particulares representam mais que 90% dos veículos totais do Paraná, e a situação se reproduz em quase todos os municípios. A média de veículos particulares é de 375,5 para cada mil habitantes, quase a mesma quantidade de transporte coletivo, calculado em 379 por mil habitantes.

De acordo com Ana Cláudia, os países da União Europeia trabalham para que, em 2020, o transporte coletivo represente 40% dos meios de locomoção da população. Para ela, o que, por um lado, pode indicar um crescimento econômico da população, por outro, significa um agravante ambiental urbano e merece atenção especial do poder público.

Atualização

É o segundo estudo elaborado pelo Ipardes, no Paraná. A primeira edição foi em 2007. A atualização mostrou, por exemplo, a vulnerabilidade da região do Norte Pioneiro, que fica dentro da bacia Cinzas. Representando 1,8% do PIB estadual e com uma cobertura vegetal de apenas 4%, são poucos os municípios da região que investem em gestão ambiental. Para Ana Cláudia, a recuperação da mata nativa é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida e os indicadores sociais no Norte Pioneiro.