"Parece que o Fórum não gosta de discutir política", brinca o sociólogo Emir Sader, que participou de um seminário ontem em Porto Alegre. O intelectual defende que as organizações sociais passem a dialogar mais com os governos, influenciando nas decisões políticas que darão respostas à crise econômica e podem construir "um outro mundo possível" sonhado pelo FSM. "Esse outro mundo possível está sendo construído e o Fórum precisa participar deste processo. Precisamos discutir as políticas dos governos da América Latina eleitos por esta onda popular de rejeição ao neoliberalismo", defende Sader.
O empresário Oded Grajew, idealizador do encontro, pondera que o Fórum em si não é uma entidade, mas um processo construído pelas organizações sociais. Mas concorda que a sociedade civil deve participar mais da política, já que os governos não têm mostrado condições de promover mudanças, como evidenciou o fracasso da cúpula ambiental em Copenhague. "Essa relação com as políticas públicas precisa se acelerar, do contrário o modelo de desenvolvimento não será mudado", disse Grajew. As mudanças climáticas deram um prazo para que sejam feitas estas mudanças, "urgentes" na opinião do empresário.
Sair da crise econômica com um modelo de desenvolvimento que respeite o meio ambiente tem sido, aliás, uma das grandes preocupações do Fórum Social Mundial neste encontro de avaliação após dez anos de seu início. Para o sociólogo Edgardo Lander, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), mesmo os governos populares da América Latina não têm dado respostas neste sentido. "Não basta ter governos populares se não dermos passos na mudança do modelo de consumo", avalia o venezuelano, para quem até mesmo as experiências socialistas do século XX reproduziram um modelo predatório da natureza.
Segundo o venezuelano, não se trata de uma "previsão apocalíptica" dizer que a humanidade está com os dias contados se não mudar o modo de produção e consumo. Mas acha que a sociedade ainda não compreendeu a gravidade da situação. "Um governo que se propusesse a estimular um decréscimo no produto interno e a diminuição do consumo provavelmente teria poucos votos", pondera.
A secretária de mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane da Silva, também propõe maior participação das entidades sociais nas decisões políticas e econômicas dos governos. A resposta à crise, diz a sindicalista, passa por aumento do emprego e geração de renda. "A população precisa ter condições de decidir onde serão aplicados os recursos."
Não por acaso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do Fórum Social Mundial ontem, no Gigantinho, como já havia ocorrido em Belém do Pará, na edição do ano passado. Para Sader, a participação de presidentes no encontro não deve ser para "fazer discursos", mas para que eles sejam cobrados por suas ações. O sociólogo acredita que os movimentos sociais devem participar da política, sem medo de perder sua autonomia em relação a partidos e governos. E cita o caso da Bolívia como exemplo a ser seguido.
"Depois de derrubar cinco governos, os bolivianos se reuniram e fundaram um partido, recriando a relação com a política de uma forma inovadora", destaca. Para ele, se a sociedade civil quiser de fato participar da disputa de rumos políticos e econômicos desencadeada com a crise, deve assumir uma postura mais propositiva. "A resistência eterna é um caminho de derrota. É preciso construir alternativas", defende Sader.
O empresário Oded Grajew, idealizador do encontro, pondera que o Fórum em si não é uma entidade, mas um processo construído pelas organizações sociais. Mas concorda que a sociedade civil deve participar mais da política, já que os governos não têm mostrado condições de promover mudanças, como evidenciou o fracasso da cúpula ambiental em Copenhague. "Essa relação com as políticas públicas precisa se acelerar, do contrário o modelo de desenvolvimento não será mudado", disse Grajew. As mudanças climáticas deram um prazo para que sejam feitas estas mudanças, "urgentes" na opinião do empresário.
Sair da crise econômica com um modelo de desenvolvimento que respeite o meio ambiente tem sido, aliás, uma das grandes preocupações do Fórum Social Mundial neste encontro de avaliação após dez anos de seu início. Para o sociólogo Edgardo Lander, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), mesmo os governos populares da América Latina não têm dado respostas neste sentido. "Não basta ter governos populares se não dermos passos na mudança do modelo de consumo", avalia o venezuelano, para quem até mesmo as experiências socialistas do século XX reproduziram um modelo predatório da natureza.
Segundo o venezuelano, não se trata de uma "previsão apocalíptica" dizer que a humanidade está com os dias contados se não mudar o modo de produção e consumo. Mas acha que a sociedade ainda não compreendeu a gravidade da situação. "Um governo que se propusesse a estimular um decréscimo no produto interno e a diminuição do consumo provavelmente teria poucos votos", pondera.
A secretária de mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane da Silva, também propõe maior participação das entidades sociais nas decisões políticas e econômicas dos governos. A resposta à crise, diz a sindicalista, passa por aumento do emprego e geração de renda. "A população precisa ter condições de decidir onde serão aplicados os recursos."
Não por acaso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do Fórum Social Mundial ontem, no Gigantinho, como já havia ocorrido em Belém do Pará, na edição do ano passado. Para Sader, a participação de presidentes no encontro não deve ser para "fazer discursos", mas para que eles sejam cobrados por suas ações. O sociólogo acredita que os movimentos sociais devem participar da política, sem medo de perder sua autonomia em relação a partidos e governos. E cita o caso da Bolívia como exemplo a ser seguido.
"Depois de derrubar cinco governos, os bolivianos se reuniram e fundaram um partido, recriando a relação com a política de uma forma inovadora", destaca. Para ele, se a sociedade civil quiser de fato participar da disputa de rumos políticos e econômicos desencadeada com a crise, deve assumir uma postura mais propositiva. "A resistência eterna é um caminho de derrota. É preciso construir alternativas", defende Sader.