Estamos às vésperas de uma semana que para os cristãos é chamada de Semana Santa. Quem sabe, alguém possa ainda perguntar: Porque Semana Santa? Certamente não será tão difícil dar uma resposta que satisfaça o interlocutor. Eu quero ajudar você na resposta a esta pergunta tão simples, mas tão cheia de significado. Tudo o que somos, tudo o que temos como tesouro de fé, encontramos a razão e o significado nesta semana. O mistério, o segredo da Redenção de todo o ser humano, do presente, do passado e do futuro está resumido em uma semana.
O Filho de Deus feito carne, gente como a gente, assumiu a nossa natureza pecadora e nos resgatou entregando-se totalmente até a morte em uma cruz, para no terceiro dia, ressuscitar vitorioso. Esse mistério é grande e é a razão principal da nossa fé. Afirma o Apóstolo “Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé”.(I Cor 15,14) Assim, todos os anos, paramos uma semana, para reconhecer agradecidos o dom da Salvação, revivendo cada passo deste segredo de um Deus apaixonado pelo ser humano. O primeiro passo da celebração da Páscoa do Senhor é a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, acompanhado pelo povo com ramos verdes, e com gritos de alegria: “Bendito o que vem em nome do Senhor, hosana nas alturas! Hosana no mais alto dos céus” (Mc 11,9-10). A multidäo reconhece a seu modo, a messianidade de Jesus, reconhece que Jesus é o Messias, o enviado do Pai. Nós também, cada ano, revivemos este fato que marcou o inicio do processo da Paixão, Morte e Ressurreição.
Na quinta-feira Santa, iniciamos com a celebração da missa do Santo Crisma pela manhã, na qual consagramos os óleos do batismo, da crisma e dos enfermos. Esta celebração é marcada pela presença de todos os Presbíteros da Arquidiocese de Maringá que, neste dia, recordam a Instituição da Eucaristia e, com ela, a Instituição do Presbiterato. Renovam, diante do Arcebispo Metropolitano, os compromissos assumidos no dia da ordenação presbiteral. Essa celebração é o momento mais importante da vida presbiteral, pois se renovam os compromissos e a comunhão na família presbiteral. Essa celebração acontece geralmente na Catedral de cada diocese.
Na noite de quinta-feira Santa, em todas as igrejas, se celebra a missa da Ceia do Senhor, na qual Jesus lavou os pés dos discípulos, deixando-nos o exemplo: “Se eu vosso Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros”(Jo13,1-15). Com essa celebração inicia-se solenemente o Tríduo Pascal, que culminará na Vigília Pascal do Sábado Santo. Depois da Ceia de quinta-feira, entramos no grande silêncio, onde em adoração permanecemos até às 15 horas de sexta-feira Santa, quando celebramos a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Se o grão de trigo não morre, não produz fruto”(Jo 12,24). A vida é fruto do amor e germina lá onde o amor é pleno. “Não existe maior amor do que dar a vida pelos amigos”(Jo 15,13).
A solene vigília no sábado é um reviver dos fatos, desde o antigo testamento até a vinda do Messias e sua imolação como Cordeiro de Deus. Os símbolos da água e do fogo remetem a Jesus a água viva, o fogo novo, luz para humanidade que caminhava nas trevas. Ainda não celebramos a ressurreição e sim, vigiamos em oração para gritar na madrugada do terceiro dia: “Ele não está mais aqui, ressuscitou! Aleluia” (Jo 20,1-9)!. Por isso, você é convidado a reviver, mais uma vez, a história da nossa redenção, fazendo desta semana, uma Semana Santa e não mais uma semana pecadora.
*Dom Anuar Battisti é arcebispo de Maringá