Pe. Pedro Odair
Machado*
“Do mesmo
modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode
ser meu discípulo” (Lucas 14, 33).
A palavra discípulo,
em latim, discipulus, discipuli, significa em português, discípulo ou aluno. Porém,
a compreensão de discípulo na Sagrada escritura, na antiguidade, é muito diferente
da de aluno.
Paulo Freire
chama a nossa Educação de “bancária”. O professor “deposita” o conhecimento na
cabeça do aluno. O professor que sabe, passa o conteúdo para o aluno que não sabe.
O aluno que aprendeu, repete tudo o que o professou ensinou.
E na
antiguidade? O discípulo se joga totalmente nas mãos do mestre enquanto que o aluno,
não. O aluno pode estar numa sala de aula, mas a sua mente num outro lugar,
através do seu celular, da Internet ou fazendo outras coisas. Há professor que
se incomoda, grita chamando a atenção do aluno enquanto, um outro pode expor a
matéria e ir embora porque o mais importante não é o aluno, mas o “depósito”.
Na relação Mestre
e discípulo, há uma sintonia. O mestre sabe que o seu discípulo tem
conhecimentos dentro de si e a sua função é ajudá-lo a tirar para fora. Educação
vem do latim “ex ducere” que significa tirar, conduzir para fora.
No processo
atual, o aluno de futuro pensa e responde como o professor. Enquanto que para o
mestre, o discípulo é bom quando pergunta, vê diferente e cria os problemas no sentido
positivo. O mestre sabe que quem é capaz de perguntar ou de gerar os conflitos,
pode também solucioná-los.
Mas Jesus lhes
disse: “Eles não precisam ir embora. Vocês é que têm de lhes dar de comer”. Os
discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes” (Mateus
14,16s). O Mestre na Sagrada Escritura ou o de antigamente, não dava perguntas
com respostas para serem repetidas, mas criava problemas porque acreditava no
potencial do seu discípulo. Por isso, que a nossa Educação é denominada também
de paternalista. O aluno não precisa sofrer, já recebe tudo pronto.
Há indicativos
que caminhamos para o maior caos na humanidade e o lastimável é que as
estruturas na Política, nas Instituições Religiosas, nos Sindicatos e em tantos
outros segmentos não querem mudanças porque estão preocupadas com a sua própria
conservação.
As estruturas,
auto-suficientes e inumanas, não sobreviverão, mas somente as que optarem por
uma Educação aberta, diferenciada e solidária.
Hoje tem êxito
o administrador que não queira impor a “cartilha”, mas, como discípulo,
aglutine a diversidade e adversários e provoque questões necessárias para um
único objetivo: a vida digna. Esta é atitude de um futuro Mestre!
Pe. Pedro Odair Machado
é pároco da Paróquia Cristo Rei de
Apucarana.