Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Discípulo versus Aluno


Pe. Pedro Odair Machado*

“Do mesmo modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14, 33).
A palavra discípulo, em latim, discipulus, discipuli, significa em português, discípulo ou aluno. Porém, a compreensão de discípulo na Sagrada escritura, na antiguidade, é muito diferente da de aluno.
Paulo Freire chama a nossa Educação de “bancária”. O professor “deposita” o conhecimento na cabeça do aluno. O professor que sabe, passa o conteúdo para o aluno que não sabe. O aluno que aprendeu, repete tudo o que o professou ensinou.
E na antiguidade? O discípulo se joga totalmente nas mãos do mestre enquanto que o aluno, não. O aluno pode estar numa sala de aula, mas a sua mente num outro lugar, através do seu celular, da Internet ou fazendo outras coisas. Há professor que se incomoda, grita chamando a atenção do aluno enquanto, um outro pode expor a matéria e ir embora porque o mais importante não é o aluno, mas o “depósito”.
Na relação Mestre e discípulo, há uma sintonia. O mestre sabe que o seu discípulo tem conhecimentos dentro de si e a sua função é ajudá-lo a tirar para fora. Educação vem do latim “ex ducere” que significa tirar, conduzir para fora.
No processo atual, o aluno de futuro pensa e responde como o professor. Enquanto que para o mestre, o discípulo é bom quando pergunta, vê diferente e cria os problemas no sentido positivo. O mestre sabe que quem é capaz de perguntar ou de gerar os conflitos, pode também solucioná-los.
Mas Jesus lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Vocês é que têm de lhes dar de comer”. Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes” (Mateus 14,16s). O Mestre na Sagrada Escritura ou o de antigamente, não dava perguntas com respostas para serem repetidas, mas criava problemas porque acreditava no potencial do seu discípulo. Por isso, que a nossa Educação é denominada também de paternalista. O aluno não precisa sofrer, já recebe tudo pronto.
Há indicativos que caminhamos para o maior caos na humanidade e o lastimável é que as estruturas na Política, nas Instituições Religiosas, nos Sindicatos e em tantos outros segmentos não querem mudanças porque estão preocupadas com a sua própria conservação.
As estruturas, auto-suficientes e inumanas, não sobreviverão, mas somente as que optarem por uma Educação aberta, diferenciada e solidária.
Hoje tem êxito o administrador que não queira impor a “cartilha”, mas, como discípulo, aglutine a diversidade e adversários e provoque questões necessárias para um único objetivo: a vida digna. Esta é atitude de um futuro Mestre!

Pe. Pedro Odair Machado
é pároco da Paróquia Cristo Rei de Apucarana.