Revista "MUNDO e MISSÃO"
Testemunhos da Vida Missionária
Na Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, do dia 28 de junho de 2003, o papa João Paulo II recomendava aos fiéis para não se esquecerem do “grande sinal de esperança de tantas testemunhas da fé cristã, no último século, no mundo inteiro, ... que souberam viver o Evangelho em situações de hostilidade e de perseguição, freqüentemente até com a suprema provação do sangue” (n.º 13) exortação do Pontífice não é descabida, pois vivemos um tempo que desmistifica tudo, confunde a linguagem e as mais sagradas palavras. Isso acontece também com o termo mártir. Atualmente, definem-se como mártires até assassinos que, em nome de uma ideologia qualquer, sacrificam-se sob o manto de um fanatismo irracional, como os chamados “mártires de Alá”. O que mais choca, nesse tipo de ação suicida, é que as verdadeiras vítimas são pessoas inocentes, indefesas. A mídia considera mártires os que são mortos na defesa de um ideal, como a pátria, por exemplo, ou quem se imola para preservar ou para combater uma ideologia, um regime político ultrajante, além dos que se suicidam em protesto contra regimes ditatoriais, como os monges budistas do Vietnã, do Camboja, do Laos... O termo martírio é também aplicado, de modo enfático, a nações ou a grupos étnicos, que sofreram ou ainda sofrem em mãos inimigas, colonizadoras, invasoras, tiranas. Alguns exemplos são os Curdos na Turquia, ou as vítimas da chamada limpeza étnica na ex-Iugoslávia, onde se tentou exterminar, por todas as formas possíveis, pessoas de diferentes culturas. Lembremos, além deles, o genocídio desencadeado em Biafra. A África, por sinal, é o trágico exemplo de como é possível martirizar um continente inteiro, sob vários pontos de vista: antropológico, sóciocultural, econômico, político e religioso. O exemplo mais recente desse martírio ainda está ocorrendo contra as tribos cristãs e animistas de Darfur, região ocidental do Sudão. Elas são massacradas, escravizadas, literalmente crucificadas pelo governo fundamentalista islâmico de Cartum, interessado no seu subsolo, rico em petróleo. A América Latina também tem seus mártires. Tais martírios não se deram, necessariamente, porque as vítimas morreram por Cristo ou por causa de seu amor, mas como Ele e pela causa que Ele defendia. Ou seja, não foram vítimas do ódio à fé cristã, mas morreram na defesa dos povos crucificados e oprimidos na sua liberdade e nos seus direitos. Os indígenas e os excluídos de vários países do continente, massacrados na sua identidade cultural (etnocídio) e na sua extinção física (genocídio), são exemplos clássicos. Os defensores de direitos dos oprimidos, mortos pela ganância dos latifundiários e dos governos corruptos, são também chamados de mártires, como dom Romero, irmã Dorothy, Chico Mendes e outros que, nem sempre cristãos ou praticantes, ofereceram, porém, a sua vida em defesa da justiça, da igualdade e da vida plena para todos. A longa história do cristianismo registra uma imensa lista de “mártires”, cujo sangue foi derramado em países de missão, como China, Japão, Coréias, Vietnã. O superado modelo de missão admitia certo rigorismo religioso, ao condenar ritos sagrados dos nativos, mas tidos como diabólicos ou idólatras pela Igreja. Evidentemente, tal “evangelização” despertava a ira e o furor de lideranças locais, que passavam a considerar os missionários como subversivos a serem eliminados. Em outros casos, os missionários foram identificados com o poder colonial europeu e seriam, portanto, inimigos. Embora venerados piedosamente pelas Igrejas cristãs, hoje é legítimo questionar as razões de seu martírio. REVER O VERDADEIRO SENTIDO DO MARTÍRIO CRISTÃO
Com a palavra “rever” não se quer retirar a auréola de mártir daqueles que morreram por uma causa justa e nobre, mas se deseja repensar o sentido real e pleno do martírio dos que, em circunstâncias e maneiras diversas, foram imolados por causa da sua fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, morto, ressuscitado e que permanece vivo na sua Igreja. Os verdadeiros mártires (o termo grego mártyr significa testemunho) são aqueles que morreram, testemunhando sua fé em Cristo, vítimas do ódio contra Ele (in odium fidei); ou porque não renegaram a fé ou algum dogma diante de grave e real perigo de vida (propter fidem); ou, ainda, porque seguiram a Cristo (propter Christum) na prática do amor ao próximo. As condições para que se configure um verdadeiro martírio são: - a não-resistência, a oposição à violência e a capacidade de perdoar. Não são, portanto, mártires, no sentido cristão da palavra, os que morreram em conflito, ainda que este seja motivado por causa da fé, como nas cruzadas, por exemplo. Também não é mártir o cristão vitimado por motivos ideológicos ou raciais. “Não é a
morte que, por si só, faz o mártir – afirmava Santo Agostinho no século 4 –, mas a causa pela qual a pessoa for morta”. A fé comporta também outros valores evangélicos, como a castidade, a caridade, a justiça, a defesa dos pobres e dos oprimidos. Portanto, qualquer cristão que ofereça a vida em defesa de um valor como estes, é verdadeiro mártir, como o frade franciscano Maximiliano Kolbe, que se ofereceu à morte para salvar um pai de família em campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Mártir é quem morre para defender os direitos essenciais da vida humana, como Dom Romero; ou a virgindade, como Maria Goretti, que ofereceu a vida ao resistir ao estupro. Várias religiosas foram mortas enquanto resistiam à lascívia de guerrilheiros africanos.
Resumindo: são diversas as causas que justificam o martírio. Todas, porém, se caracterizam como uma corajosa defesa da fé e de valores inerentes ao Cristo, e como uma doação integral da própria vida ao próximo. A morte não deve ser procurada, incentivada ou provocada, mas aceita sem resistência e no espírito do perdão aos que a causam injustamente, “porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). O martírio é um fato tipicamente religioso que se refere claramente a Cristo e aos valores do Evangelho. O MARTÍRIO NA HISTÓRIA DA IGREJA O martírio, como testemunho da fé em Cristo, foi e é um companheiro constante ao longo da história do Cristianismo. Começou ainda nos primórdios da Igreja com o apedrejamento de santo Estevão pelos judeus, enfurecidos com sua profissão de fé na divindade de Cristo, uma blasfêmia para os fariseus (At 7,54-60). Alguns anos depois, o rei Herodes ordenou a morte de Tiago (At 12,1-5). A partir dessas mortes, todos os séculos tiveram seus mártires. Aqui queremos lembrar, rapidamente, alguns séculos que mais marcaram a história do martirológico cristão.
Os imperadores romanos martirizaram milhares de cristãos durante os três primeiros séculos da era cristã. As perseguições mais gerais, que fizeram mais vítimas, aconteceram sob o império de Décio (em 250) e de Diocleciano (entre 297 e 305). Os atuais países situados no norte da África (Egito, Argélia, Líbia, Tunísia, Marrocos) eram nações cristãs e foram o berço de muitos santos, entre eles Agostinho de Hipona e Cipriano, que enriqueceram a Igreja universal com sua sabedoria. Nos séculos 9 e 10, toda aquela região foi varrida pelas invasões muçulmanas, que passaram ao fio da espada milhares de cristãos, cujo número jamais será conhecido. Ainda hoje, o governo desses países muçulmanos impede ou dificulta a presença cristã na área. Sucessivos califados também tentaram sufocar o cristianismo católico ou ortodoxo nos países do Oriente Médio, conquistados pelo Islã. Na Inglaterra cristã do século 16, a rainha Elisabeth I ordenou a morte de alguns católicos, até altos dignitários do seu governo, como Thomas Morus (1535), porque não renunciaram à sua fé. Tão logo chegou o cristianismo no Japão, com as pregações de São Francisco Xavier (1550), começaram as perseguições dos shoguns (supremos comandantes militares de uma região), que eliminaram até a simples lembrança do cristianismo. Restaram apenas algumas aldeias cristianizadas, isoladas e perdidas no tempo e no espaço, redescobertas apenas no século 19. Entre 1600 e 1800, intensas perseguições se deram contra os cristãos na Coréia e nos reinos da península do atual Vietnã. Na China e na Indochina, entre 1800 e 1886, houve penosas perseguições, com centenas de mártires decapitados, crucificados e vítimas de outras torturas cruéis. Centenas de cristãos foram condenados a morrer em trabalhos forçados, nas minas. Relatos históricos atestam que, em três séculos, o Extremo Oriente deixou um rastro de sangue de mais de 130 mil cristãos.
AS PERSEGUIÇÕES NA EUROPA As mais trágicas perseguições, estranhamente, aconteceram no território europeu, entre os séculos 19 e 20, justamente em países com longa história cristã. O estopim foi a Revolução Francesa que, sob a influência do Iluminismo, propôs-se a suprimir o Cristianismo da França. Em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, massacraram-se milhares de sacerdotes, freiras, leigos e leigas, que se recusaram a renunciar à fé, diante de uma constituição atéia. Apesar das tentativas para suprimir dos manuais da história os piores acontecimentos em nome das novas divindades, a Razão e o Iluminismo, sabe-se que os piores massacres em massa de católicos aconteceram na região da Vandéia. Pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, inclusive crianças, religiosos e leigos, foram amontoadas em barcaças e afogadas nos rios da região. Até hoje é desconhecido o número de mártires cristãos, vítimas da Revolução Francesa. Referir-se a eles é um assunto-tabu. SÉCULO 20, O SÉCULO DO MARTÍRIO O século dos mártires, porém, foi o século 20. Logo no seu início, em 1900, a China assistiu à morte de missionários e leigos cristãos e a conseqüente destruição de edifícios religiosos, praticadas por uma sociedade secreta, denominada boxer, com o apoio da imperatriz. Entre 1915 e 1917, houve o genocídio armênio, praticado pelo governo islâmico dos Jovens Turcos, vitimando cerca de 1.500.000 pessoas, que não quiseram renunciar à fé cristã e aderir ao Islã (Cf Mundo e Missão, ed. n.º 84). Em 1915, no México, intensificou-se uma perseguição religiosa contra a Igreja, que já vinha de longa data. Tal perseguição provocou a guerra cristera, na qual os católicos defendiam sua liberdade religiosa. Entre sacerdotes e leigos foram fuziladas 25 pessoas, uma das quais era o padre jesuíta Miguel Pro, recentemente beatificado. A vitória eleitoral da Frente Popular, comunista, na Espanha, em 1936, desencadeou uma violenta perseguição que pretendia destruir a Igreja. Foram assassinados: 13 bispos, 6.000 mil religiosos (entre sacerdotes e seminaristas), 283 freiras e milhares de leigos. A barbárie foi particularmente feroz, com violação de freiras e até de cadáveres de religiosos e religiosas. Muitos edifícios religiosos foram destruídos. Em 15 de agosto 1936, o diário Solidaridad Obrera incitava grupos a destruírem as igrejas até aos alicerces, em todo o território espanhol. Em 7 de janeiro de 1937, o ministro Manuel de Irujo, em uma reunião de Gabinete, afirmava: “todos os altares, imagens e objetos de cultos foram destruídos; todas as igrejas estão fechadas, impossibilitando o culto nesses edifícios, muitos dos quais estão queimados; todos os conventos evacuados e a vida religiosa suprimida; os sacerdotes e religiosos foram processados, aprisionados, fuzilados”. Mas a perseguição religiosa na Espanha foi apenas uma entre as grandes tribulações que aconteciam contra a Igreja, em outros lugares da Europa, deflagradas pelo comunismo e nazismo. No documento “Tertio Millenio Adveniente”, o papa João Paulo II referiu-se à “grande tribulação”, citada no Apocalipse (Ap 7.14), ao escrever que, “no findar do segundo milênio, a Igreja tornou-se a Igreja dos mártires” (n.º 37). A “grande tribulação” da Igreja, no século passado, produziu um número incalculável de mártires de todas as denominações cristãs. A grande maioria desapareceu sem deixar vestígios, torturada, fuzilada, morta em massa e sepultada em fossas comuns. A PERSEGUIÇÃO COMUNISTA E NAZISTA A perseguição contra a Igreja ortodoxa e católica na Rússia, com a finalidade de apagar o cristianismo da sociedade materialista-marxista apregoada pelo comunismo, iniciou-se com uma carta sigilosa de Lênin aos membros do Politburo (12-03-1922). Nela, o dirigente afirmava: “quanto mais expoentes do clero reacionário conseguirmos fuzilar... melhor!”. Desta forma começaram os processos e as condenações à morte por motivos religiosos. Em 1922, chegaram a 6.000. Na década de trinta, por ordem de Josef Stalin, recrudesceu outra tentativa para liquidar o Cristianismo.
O terror chegou à máxima crueldade entre 1937 e 1938, quando foram fuzilados ou mortos nos gulags, (campos de trabalhos forçados e de extermínio, situados especialmente na Sibéria), milhares de cristãos de todas as denominações: católicos, ortodoxos, batistas, evangélicos, luteranos e outros. Por ordem expressa de Stalin, – é o que testemunharam alguns sobreviventes – a partir do dia 5 de agosto de 1937, fuzilavam-se de 300 a 400 pessoas por dia em Butovo, na periferia de Moscou. Valas coletivas, nas redondezas, receberam mais de 300.000 cadáveres. Diante de protestos internacionais, o Estado justificou tal extermínio como “processos por atividades subversivas contra o país”. Assim, para a opinião pública internacional, as vítimas se passavam ainda como traidoras da pátria ou culpadas por crimes comuns. Após a vitória dos aliados contra o nazismo, em 1945, Stalin e seu braço direito Lavrenti Beria combateram a Igreja e todo tipo de religião nos países onde o comunismo se instalou. Na Ucrânia, eles incorporaram a Igreja católica à ortodoxa e, em seguida, deportaram para os gulags o metropolita Slipy, os bispos, sacerdotes, fiéis católicos e os cristãos ortodoxos mais eminentes. Depois, foi a vez dos católicos dos países bálticos (Lituânia, Estônia e Letônia), além da Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária e Iugoslávia. As primeiras iniciativas visavam: abolir as ordens religiosas, prender as autoridades da Igreja e organizar processos por conspiração (que terminavam sempre com a condenação). Por eles passaram os bispos Stepinac, Minszenty, Beran, Trochtta, Bossilkov, Wyszinski. Muito cruel foi a perseguição albanesa. Em 1967, o governo comunista-maoísta de Hoxha transformou a Albânia no “primeiro país ateu do mundo”. O governo do país proibiu todos e quaisquer cultos religiosos, inclusive o islâmico. Antes da chegada do comunismo, havia no país 6 bispos e 156 sacerdotes. A maioria deles foi torturada e morta em prisões. Quando o comunismo caiu no país, sobreviviam na cadeia apenas trinta sacerdotes. Embora pouco se fale de perseguição religiosa sob o nazismo de Hitler, o regime estava contagiado pelos mesmos objetivos do comunismo: aniquilar as religiões cristãs que se opunham à pureza da raça e do sangue ariano. Os métodos eram os de sempre: dissolver as escolas e os movimentos religiosos, como a Ação Católica, e tramar calúnias e processos contra sacerdotes, religiosos e religiosas. As vítimas eram deportadas para campos de concentração ou de extermínio e, a seguir, eliminadas. Embora muito aquém dos mártires provocados pelo comunismo soviético, as vítimas do clero foram: 6 bispos, 1.923 sacerdotes, 580 religiosos, 289 religiosas e 63 seminaristas, segundo relatórios da memória da perseguição nazista. É impossível contabilizar o número de leigos acusados de sabotarem o regime nazista e outras vítimas do nazismo na França, na Bélgica e em países da Europa Oriental. As religiões cristãs foram combatidas, a partir de 1945, também na China (com Mao Tsé-tung), na Coréia do Norte – onde ainda hoje se persegue qualquer manifestação religiosa – no Vietnã, no Laos e no Camboja. Neste último país, o Kmer Vermelho do ditador Pol Pot implantou o ódio insano, não apenas contra o cristianismo, mas também contra o budismo, o hinduísmo, a elite intelectual. Um desprezo à toda humanidade não-comunista. Dos últimos anos do século passado até hoje houve e há perseguição e intolerância religiosa em alguns estados indianos contra pessoas de castas inferiores que porventura tenham abraçado o cristianismo, tanto católico, como de outras denominações cristãs. Na África, o continente mais martirizado nos últimos decênios, não faltaram heróicos martírios e nem vítimas inocentes de guerrilheiros nativos e de muçulmanos. Freiras foram mortas ao defenderem a própria virgindade. Sacerdotes caíram na defesa de outras vítimas da violência, de pobres e esfomeados. Isso tem acontecido no Congo, em Ruanda, no Burundi, em Uganda e em outros países. Se não tivemos perseguições estritamente religiosas na América Latina, tivemos, no entanto, mártires da caridade e da justiça no Brasil, na Guatemala, na Colômbia, no México (como relatamos anteriormente).
MARTÍRIO HOJE Atualmente, não existe uma verdadeira perseguição de martírio, mas uma situação de martírio nas áreas onde predominam os fundamentalismos islâmico e hinduísta. Em tais ambientes, às vezes as perseguições e homicídios têm, nas raízes, uma matriz religiosa. No Egito, por exemplo, foram mortos 17 cristãos em junho de 1981; no Yemem, em 1996, foram assassinadas três missionárias de madre Tereza de Calcutá. Nos lugares onde foi imposta a shari’a (lei islâmica) sobre a blasfêmia, a situação dos não-islamitas tornou-se precária, sendo eles passíveis de acusações contra o Profeta (Maomé) e a se arriscarem à pena de morte ou à longa temporada em prisões. Na Indonésia, a minoria cristã é vítima de incursões islâmicas. Naquele país, desde 1998, já foram queimadas 13 igrejas e 13 pessoas foram assassinadas. A Argélia, no norte do continente africano, foi palco do assassinato de dom Pierre Claverie, bispo de Oran, em agosto de 1996. Em março do mesmo ano, 7 monges contemplativos foram raptados em Thibirine e, em seguida, decapitados. Tais mortes foram precedidas pelo assassinato de 3 irmãs, um irmão e 4 sacerdotes, em 1994. Outras três irmãs foram assassinadas em 1995. Concluindo essa breve crônica do martirológio cristão, A. Ricardi, autor do livro Il secolo del martírio: I cristiani del 900 lembra que, até dia 31 de março de 2000, havia sido apresentada uma longa lista de mártires à Comissão Novos Mártires do Vaticano. Ela sinaliza para um total de 12.692 vítimas recentes, entre bispos (126), sacerdotes e seminaristas (3.343), religiosos e religiosas (4.872) e milhares de leigos e leigas. A revista Asianews, de abril de 2005, cita os nomes de 61 mártires em 2004, na Ásia, assim repartidos: - um leigo em Bangladesh; um bispo (que estava detido desde 1999) na China; um sacerdote na Índia; nove leigos (entre os quais um pastor e uma pastora, evangélicos, mortos durante um culto) na Indonésia; 36 leigos no Iraque; três leigos no Paquistão e dez leigos (entre adultos e crianças) no Vietnã. Na realidade, o número é bem superior, pois a maioria desaparece no nada ou sua imolação ocorre à sombra da mídia. Espera-se, porém, que os católicos e os cristãos em geral, não se esqueçam de tais testemunhos sangrentos e expressem sua comunhão aos cristãos perseguidos, já que as vítimas deram a vida pelo Cristo, imitando-o “até à morte”. Afinal, elas foram fiéis testemunhas dos valores mais sublimes, pelos quais vale a pena entregar a vida.
OS MÁRTIRES DO BRASIL Todos dizem que o Brasil é um país católico, mas ele foi e ainda é terra de mártires, nem sempre por causa direta de Cristo e da fé nele, mas pela defesa da justiça e por amor aos irmãos. Muitos nomes marcaram com seu sangue a Terra de Santa Cruz. Aqui recordamos alguns dos nossos contemporâneos, vitimados pela ganância e pela injustiça: os padres Josimo Morais Tavares, Ezequiel Ramin, Rodolfo Luckenbein e João Bosco Penido Burnier, a irmã Cleusa (assassinada porque defendia os indígenas da Amazônia) e Dorothy Stang (que trabalhava na Comissão Pastoral da Terra, no Pará) e os leigos Chico Mendes e os índios Xicão e Marçal Tupã-y. |
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