Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Terror sem fim? Lucídio Bicalho

por INESC

É indeterminado o tempo que a figura de Osama Bin Laden terá influência nas relações internacionais. A história que vem sendo escrita desde o 11 de setembro não mudará seu script facilmente apenas com a morte de um dos seus principais atores - deve-se ressaltar, um dos mais maléficos.

Dentro dos EUA, o conservadorismo representado pelos "Falcões" se fortaleceu na década passada. A propaganda contra o terror e o discurso contra o "eixo do mal" ajudaram Bush a se reeleger. O resultado foi que a "guerra ao terror", muitas vezes, atropelou os direitos humanos. Fora do território norte-americano, o desenrolar do roteiro foram as guerras do Iraque e do Afeganistão, e esta já é a mais longa e cara da época contemporânea. No mesmo período, houve dezenas de atentados mundo afora inspirados ou orquestrados por Osama, Al Qaeda e seguidores.

Osama Bin Laden é um capítulo de um livro que narra uma sucessão de erros na política internacional. Foram décadas e décadas de política intervencionista das grandes potências, desrespeito pela soberania de outros países, unilateralismo e desprezo pelo multilateralismo e pelos organismos internacionais. A história conta que foram as relações dos EUA com aliados circunstanciais que gestaram personagens como Osama Bin Laden e Sadam Husseim - os dois exemplos são frutos, respectivamente, da disputa dos EUA contra os soviéticos e o Irã.

Não foi só no campo político-ideológico que os ataques de 11/09 tiveram efeito. A queda do World Trade Center marcou o início de um volume sem precedentes de riqueza direcionada para financiar as guerras promovidas pelo império norte-americano. Com isso, na década passada, o déficit público dos EUA saltou para o maior nível da história, só menor do que é atualmente. A expansão fiscal dos Estados Unidos tem encontrado âncora em outras economias, como China e Brasil, que acumulam dólares e aplicam os mesmos nos títulos "seguros" do tesouro yankee.

Também, na década passada, os juros internacionais foram derrubados para evitar recessões, mas é bom lembrar que semearam as bolhas financeiras posteriores. No mundo global, cidadãos de diferentes lugares pagam por decisões erradas tomadas pelas grandes potências - a atual política do Federal Reserve, Quantitative Easing, para debelar os efeitos da crise econômica norte-americana de 2008, é uma prova de que outros países pagam o "almoço" dos descaminhos da economia norte-americana.

O marco histórico que deu início ao século XXI foi um ato de terror que impactou o mundo num "efeito borboleta". Apesar da morte de Osaba Bin Laden , os atores globais dificilmente mudarão sua natureza política ou seu modus operandi nas relações internacionais. Líderes irresponsáveis ainda buscarão concretizar suas verdades e interesses políticos e econômicos sem se importar com as conseqüências futuras. Os que estão comemorando a morte do inimigo contemporâneo número 1 não terão o mesmo empenho para mudar a atuação dos seus líderes. Do outro lado, extremistas transformarão Bin Laden num exemplo para suas loucuras ou usarão qualquer outra justificativa - já o fazem. Assim é a cultura da intolerância, independentemente de onde vem. Infelizmente as pessoas inocentes não estão seguras.