Reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-09-2010.
A meta da ONU de reduzir pela metade a fome até 2015 não deve ser atingida e, para organizações não governamentais, a queda foi "pura sorte", sem nenhuma relação com a adoção de políticas corretas.
Dados divulgados pela FAO ontem apontam que o número de famintos caiu de 1,02 bilhão de pessoas em 2009 para 925 milhões em 2010. A redução não foi generalizada e China e Índia foram as grandes responsáveis pela queda. Apesar dos avanços, o diretor da FAO, Jacques Diouf, insiste que os números são "uma aberração". "Ter um índice que mostra que uma criança morre a cada seis segundos por fome continua sendo a maior tragédia e escândalo do mundo."
O mundo passou em 2007 e 2008 por uma crise alimentar, com preços de commodities atingindo altas recordes. O resultado foi a explosão no número de famintos, superando a marca de 1 bilhão pela primeira vez. Com a crise econômica, os preços retrocederam, o que acabou ajudando. Neste ano, a recuperação da economia também contribuiu e o resultado foi a queda de 9,6% no número de famintos, ou 98 milhões de pessoas.
Liderança asiática
Grande parte do avanço ocorreu pelo crescimento de China e Índia. A Ásia registrou queda de 12% no número de pessoas passando fome e a região soma 578 milhões de mal-nutridos. Dos 98 milhões que deixaram de passar fome, 80 milhões estavam na Ásia. Na América Latina, são 53 milhões de famintos.
Para a FAO, uma das explicações para a queda é o fato de o mundo estar registrando a terceira maior safra de grãos da história, o que ajudou a manter mais baixos os preços por algum tempo. Outro fator foi o crescimento da economia emergente, gerando maior renda.
Especialistas rejeitam as explicações da FAO. "A queda é mais sorte do ação do mundo para evitar a fome'', criticou Gawain Kripke, da Oxfam.
Na África Subsaariana, a fome atinge 239 milhões de pessoas, 12 milhões a menos que há um ano. Mas a taxa ainda ronda a marca 30% da população.
"Não há o que comemorar", alertou Meredith Alexander, da ActionAid. Segundo a entidade, é dez vezes mais barato lutar contra a fome do que contra seus efeitos, cerca de US$ 450 bilhões.
A meta da ONU de reduzir pela metade a fome até 2015 não deve ser atingida e, para organizações não governamentais, a queda foi "pura sorte", sem nenhuma relação com a adoção de políticas corretas.
Dados divulgados pela FAO ontem apontam que o número de famintos caiu de 1,02 bilhão de pessoas em 2009 para 925 milhões em 2010. A redução não foi generalizada e China e Índia foram as grandes responsáveis pela queda. Apesar dos avanços, o diretor da FAO, Jacques Diouf, insiste que os números são "uma aberração". "Ter um índice que mostra que uma criança morre a cada seis segundos por fome continua sendo a maior tragédia e escândalo do mundo."
O mundo passou em 2007 e 2008 por uma crise alimentar, com preços de commodities atingindo altas recordes. O resultado foi a explosão no número de famintos, superando a marca de 1 bilhão pela primeira vez. Com a crise econômica, os preços retrocederam, o que acabou ajudando. Neste ano, a recuperação da economia também contribuiu e o resultado foi a queda de 9,6% no número de famintos, ou 98 milhões de pessoas.
Liderança asiática
Grande parte do avanço ocorreu pelo crescimento de China e Índia. A Ásia registrou queda de 12% no número de pessoas passando fome e a região soma 578 milhões de mal-nutridos. Dos 98 milhões que deixaram de passar fome, 80 milhões estavam na Ásia. Na América Latina, são 53 milhões de famintos.
Para a FAO, uma das explicações para a queda é o fato de o mundo estar registrando a terceira maior safra de grãos da história, o que ajudou a manter mais baixos os preços por algum tempo. Outro fator foi o crescimento da economia emergente, gerando maior renda.
Especialistas rejeitam as explicações da FAO. "A queda é mais sorte do ação do mundo para evitar a fome'', criticou Gawain Kripke, da Oxfam.
Na África Subsaariana, a fome atinge 239 milhões de pessoas, 12 milhões a menos que há um ano. Mas a taxa ainda ronda a marca 30% da população.
"Não há o que comemorar", alertou Meredith Alexander, da ActionAid. Segundo a entidade, é dez vezes mais barato lutar contra a fome do que contra seus efeitos, cerca de US$ 450 bilhões.