Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eleição e internet - por Pe. Pedro Odair Machado

Pe. Pedro Odair Machado*

Quando criança, eu ia muito com meu pai participar dos comícios nas grandes avenidas de Arapongas. Não perdíamos um. A participação da multidão nos comícios era o termômetro para perceber quem tinha ou não condições de ser eleito.

Com aparecimento da grande mídia, surgiram o markenting político com os “showmícios”. Os candidatos contratavam artistas famosos para atrair as multidões. E como sabia se o candidato estava bem ou não? Através das pesquisas. Dificilmente as pesquisas erravam. Em 1989, a vitória de Collor fez parte de ampla estratégia de markenting político para mantê-lo sempre bem nas pesquisas.

Nas eleições de 2006, por causa do “escândalo do mensalão” e com a grande mídia adversa, a vitória de Lula era considerada improvável. “O povo venceu a Mídia” (Lima, 2007).

A novidade em 2010, é o papel da nova mídia. Quem manda não é a grande mídia, mas a nova mídia, que é a comunicação realizada por meio da rede mundial de computadores, isto é, da internet. Ao contrário da grande mídia, a nova mídia possibilita a interação on-line entre emissor e receptor por meio de computadores pessoais fixos e/ou móveis (celulares, laptops, notebooks, etc.)

O DataSenado divulgou, no dia 2 de outubro de 2009, uma pesquisa nacional, que a internet (19%) já é o segundo meio de comunicação mais usado pelo eleitor brasileiro para informar-se sobre política, atrás apenas da TV (67%). Jornais e revistas aparecem em terceiro lugar com 11% e o rádio preferido por apenas 4% dos entrevistados.

A cada eleição, a internet aumenta de importância, como em 2008, nas eleições de muitas capitais, onde foi um elemento decisivo do processo de ascensão e queda de diversos candidatos. Nestas, todo mundo espera que seja ainda mais relevante.

Em 2008, pela primeira vez na história, venderam-se mais computadores do que aparelhos de televisão no Brasil. Segundo dados do IBGE compilados pelo comitê Gestor da Internet (2008), 28% dos lares brasileiros têm ao menos um PC. Aliado a isso, a expansão das populares lan houses pelo país e pelas áreas pobres dos centros urbanos está transformando de forma radical o perfil do internauta.

Das 60 milhões de pessoas que acessaram a internet em 2008, 67% fazem parte das classes C, D e E. Cerca de 80% dessas pessoas têm renda familiar mensal de até cinco salários mínimos. De ferramenta quase exclusiva da elite nos anos 90, a internet encerra a primeira década do século tendo como usuário um indivíduo cada vez mais parecido com o brasileiro médio.

À medida que aumenta o feixe de relações sociais ao qual o cidadão comum está interligado, diminui o poder de influência que a grande mídia tem de agir diretamente sobre seus ouvintes, telespectadores e leitores e se fortalece a mediação exercida pelas lideranças locais.

Os “formadores de opinião” tradicionais parecem estar sendo paulatinamente substituídos por “líderes de opinião” locais, líderes dos movimentos organizados da sociedade civil, que se utilizam cada vez mais da nova mídia.

Neste momento de transição, no Brasil, a ideia é de que o velho está morrendo e o novo apenas acaba de nascer. Podemos ter surpresas, nestas eleições, pois o candidato familiarizado com a nova mídia, tem maiores condições de ser eleito.

*Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação
Pároco da Paróquia Cristo Rei de Apucarana – PR.