Acabamos de sair de um ano crítico, marcado por dura crise financeira de âmbito mundial, mas o que é importante contabilizar, nesse momento, são as perspectivas que se entremostram como oportunidades para que o nosso país consolide o processo de desenvolvimento equilibrado tão sonhado, o resgate social, político e econômico proposto pela Constituição de 1988.
Previsões não são matemáticas, evidentemente, embora alguns as apresentem como tais, mas também não são mero exercício subjetivo, expectativas de indivíduos pretensiosos, produtos das falsas ciências que ganham espaço em todo início de ano.
Com as contas ajustadas, sistema financeiro funcionando razoavelmente, moeda estável, inflação sob domínio, juros em nível, para nós, baixo, setores econômicos em expansão e modernização, programas sociais articulados, o Brasil chega a esse ano oferecendo possibilidades factuais de dias melhores.
No plano externo, considerando que as nações hoje vivem em plena interdependência, não chegam a comprometer essas expectativas nem mesmo a situação dos países mais afetados pela crise, a exemplo dos Estados Unidos, em franca recuperação; lembrando que, na atual conjuntura, são os emergentes que comandam o ritmo mundial: China, Rússia, Índia e Brasil à frente.
Aspecto preocupante no geral é a continuidade da velha linha de desenvolvimento que insiste em práticas condenadas na reunião de Copenhage que impediram um acordo capaz de controlar os fatores que ameaçam a vida no planeta, tudo por causa da cobiça, como James Cameron retrata com a força da nova linguagem cinematográfica em Avatar, enfim, uma sátira ao nosso modelo de civilização.
Não menos preocupante é saber que teremos um ano eleitoral, palco propício a alterações imprevistas e a escândalos que podem turvar nosso horizonte. Resta aqui confiar na sabedoria do eleitorado para avançarmos no plano institucional. Esperamos seja enfim configurada a reforma política há anos debatida como necessária, mas sempre posta de lado por atenção a interesses circunstanciais, estreitos, partidários, realimentando e mantendo posturas, sistemas e regras viciadas que admitem, entre outras anomalias, os mensalões, o fisiologismo, o clientelismo e a recandidatura política de personagens reprovados pela ética.
Não menos fundamentais são a reforma do judiciário para dar agilidade e eficiência ao julgamento de processos e aplicação de penas; e do sistema tributário, para simplificar os tributos, dar fim à guerra fiscal entre os estados, e principalmente aliviar a carga tributária dos contribuintes; e ainda as reformas trabalhista e sindical para ampliar o leque de oportunidades aos trabalhadores em um meio de relações modernas.
Faltando apenas quatro anos para a Copa do Mundo e seis para os Jogos Olímpicos, 2010 é um ano estratégico para início das obras de infraestrutura para receber os megaeventos. E não apenas por isso: o ritmo de produção que esperamos desencadear, em todos os setores, necessita de modernos aeroportos, portos, rodovias, ferrovias, sistemas de abastecimento de energia, etc.
Paulo César Caetano de Souza
Presidente do CRCPR
