Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aonde está o teu anjo

O grande místico e escritor alemão Anselm Grün, no livro “Não esqueça o melhor”, onde, para cada dia do ano, deixa uma mensagem que, de uma maneira ou outra, toca o coração do leitor de forma simples e profunda. Assim me chamou a atenção este texto: “Quando uma pessoa enfrenta os problemas com coragem, ela cresce. Torna-se sábia e forte. Você não precisa provar a si mesmo que tem coragem, nem demonstrá-la em todas as situações.

Há pessoas que transbordam de autoconfiança e, mesmo assim, na hora do perigo, perdem a cabeça e se mostram fracas. Outras são medrosas, mas superam um desafio que as coloca contra a parede. Tornam corajosas em situações que reconhecem como desafio vindo da parte de Deus. Tenha confiança: o anjo da coragem lhe dará força e apoio, justamente quando você precisar”.

O obstáculo que impede enfrentar o medo diante dos desafios da vida, é acreditar que somos pequenos deuses capazes de resolver tudo sozinhos. A autossuficiência é inimiga número um da autoconfiança. Enquanto a primeira me leva ao individualismo cego, a segunda, abre um caminho para buscar dentro de si e nos outros a luz para ver longe no infinito, o anjo que aponta para o Deus dos anjos e dos homens.

Buscar sempre, sem querer se transformar em salvador da pátria, um relacionamento pessoal com o Pai Deus, a fim de ser e fazer tudo como se tudo dependesse de nós e ao mesmo tempo como se tudo dependesse de Deus. Para sempre fica gravada a Palavra: “Sem mim nada podeis fazer..., eu sou o tronco e vocês os ramos, se não permanecer unido a mim, secarão e serão jogados ao fogo”(cf. Jo 15,4-6). Será que “o nada”, não está na raiz da insatisfação pelo que se faz ou se deixa de fazer? Porque tanto estresse e ativismo?

“É uma imagem consoladora imaginar que um anjo nos acompanha durante toda a nossa vida, que nos protege no nosso caminho, que nos impulsiona viver de verdade, que cura nossas feridas, que nos liberta da prisão e não nos abandona na morte. Ele nos conduzirá em segurança quando cruzarmos o abismo da morte, que provoca medo em todas as pessoas.

Por causa da presença do anjo, a morte perde o seu horror. Sempre que estamos impotentes, entregues à dor e à solidão, o anjo está ao nosso lado”(Anselm Grün). Certamente a figura do anjo não é tão familiar, como a Imagem da Santíssima Trindade. Diante da transitoriedade da vida, o anjo de Deus-amor, é mais uma manifestação concreta de que somos preciosos aos olhos de Deus.

Penso também que, um anjo tão bom e necessário, é um amigo. Por isso trago aqui um poema de Fernando Pessoa, que mostra o aprendizado de uma verdadeira amizade:“Quero ser o teu amigo. Nem de mais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais.

Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...”

Que em nenhum momento da vida, o anjo do céu fique esquecido, como acontece com o anjo da terra, o amigo certo em todas as horas da vida.

Dom Anuar Battisti,
arcebispo metropolitano de Maringá-PR