Teólogo
Intervenção de padre João Caruana
Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a liberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.
De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.
Pe João
Eu me pergunto Professor: Então se Lula nunca traiu suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira, porque nos vamos nos afastar, não faz tudo como nós pensávamos? Aceitando que a política é roda e fogo se distanciando publicamente com quem "introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político, e isso parece sem retorno" - não tem muito sentindo, não!!
Depois de oito anos de governo se lança à questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muita coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalação”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.
Pe João
“““ “““ Mais outra vez, me pergunto Professor: quem na historia da humanidade, qual instituição, “foi submetida a duras provas” e sempre esteve” á altura do momento”?
Será que o partido não fez "uma vigorosa autocrítica interna"? Será? Será mesmo? Compare como se comportou o PT e como se comportam outros partidos que se envolveram na mesma polemica! Eu penso assim: um partido mostra ética não só não errando - que seria o ideal - mas com o seu comportamento caso as suas lideranças venham a errar! Não acha? E nesse sentido sim, o partido foi muito ético! Sim Senhor!
E eu não vi nenhum "corporativismo" no partido naquele momento. Ao contrário, a liderança do partido mudou - o partidário foi dado voz e vez votando. Não só, o País perdeu no governo dois ministros que estavam trabalhando muito bem à toa, como o tempo está mostrando - segundo a minha humilde opinião. E os petistas, ligados formalmente ao partido ou não repararam isto: o partido não fracassou na eleição de 2006 como muitos "profetizaram" que ia acontecer! Não progrediu - por causa da crise, mas não fracassou!
“““ “““ Mais outra vez, me pergunto Professor: quem na historia da humanidade, qual instituição, “foi submetida a duras provas” e sempre esteve” á altura do momento”?
Será que o partido não fez "uma vigorosa autocrítica interna"? Será? Será mesmo? Compare como se comportou o PT e como se comportam outros partidos que se envolveram na mesma polemica! Eu penso assim: um partido mostra ética não só não errando - que seria o ideal - mas com o seu comportamento caso as suas lideranças venham a errar! Não acha? E nesse sentido sim, o partido foi muito ético! Sim Senhor!
E eu não vi nenhum "corporativismo" no partido naquele momento. Ao contrário, a liderança do partido mudou - o partidário foi dado voz e vez votando. Não só, o País perdeu no governo dois ministros que estavam trabalhando muito bem à toa, como o tempo está mostrando - segundo a minha humilde opinião. E os petistas, ligados formalmente ao partido ou não repararam isto: o partido não fracassou na eleição de 2006 como muitos "profetizaram" que ia acontecer! Não progrediu - por causa da crise, mas não fracassou!
Em grande parte, o PT virou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.
Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e à inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia
Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecosissitemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já psssou em 40% de sua capacidade de reposição.
Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológicohumanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.
Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação e amazônica. Ela também é uma Silva, como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.
Pe João
Concluindo: eu não tenho nada contra a Senadora Marina - imagina! - como nunca tinha nada contra a Senadora Helena. Na época eu escrevi para ela dizendo para cuidar, para ir mais devagar, para que não seja apressado como o Presidente mesmo estava alertando, porque os semitas dizem "que a gata apressada cria gatas cegas" ou algo semelhante. E não deu outro: Alagoas colocou Collor de novo no Senado e Heloisa vereadora, se eu entendi bem do ultimo programa do PSOL! E para a Senadora Marina e para quem está apoiando ela como o nosso querido Teólogo digo, que um das manchetes na imprensa inglesa após as ultimas eleições europeas, onde por causa da crise econômica, tudo mundo estava esperando que a direita perde e esquerda progride, algo que como tudo mundo sabe não aconteceu, um dos manchete era:
"O eleitor castiga as esquerdas. Porque gostam se dividir"!Concluindo: eu não tenho nada contra a Senadora Marina - imagina! - como nunca tinha nada contra a Senadora Helena. Na época eu escrevi para ela dizendo para cuidar, para ir mais devagar, para que não seja apressado como o Presidente mesmo estava alertando, porque os semitas dizem "que a gata apressada cria gatas cegas" ou algo semelhante. E não deu outro: Alagoas colocou Collor de novo no Senado e Heloisa vereadora, se eu entendi bem do ultimo programa do PSOL! E para a Senadora Marina e para quem está apoiando ela como o nosso querido Teólogo digo, que um das manchetes na imprensa inglesa após as ultimas eleições europeas, onde por causa da crise econômica, tudo mundo estava esperando que a direita perde e esquerda progride, algo que como tudo mundo sabe não aconteceu, um dos manchete era:
Obrigado e me desculpe alguma coisa!
Nota:
Padre João Caruana da ilha de Malta, há 25 anos no Brasil, por 24 anos trabalhou em Sarandi na periferia de Maringá no Paraná, e agora aos 68 anos, mudei para Guajará-mirim em Rondônia para fazer uma outra experiência na minha vida, está vez nas Amazonas, antes de "pendurar as minhas botas pastorais"!
Padre João Caruana da ilha de Malta, há 25 anos no Brasil, por 24 anos trabalhou em Sarandi na periferia de Maringá no Paraná, e agora aos 68 anos, mudei para Guajará-mirim em Rondônia para fazer uma outra experiência na minha vida, está vez nas Amazonas, antes de "pendurar as minhas botas pastorais"!
Leonardo Boff é autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.
Petrópolis, 15 de agosto de 2009.