Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Por uma verdadeira humanização das relações humanas

E há tempos são os jovens que adoecem;
há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos,
e só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção.
(Legião Urbana)

No auge de todos os valores acessíveis ao homem mediante a razão, brilhando supremamente, encontra-se o valor da pessoa humana. Apesar de já existirem inúmeras obras e leis em defesa de sua dignidade, apesar de existirem tantos movimentos na luta pelo tratamento mais “humano” do homem, basta ouvir um noticiário ou, simplesmente, olhar para o lado para notar que ações que atentam contra a pessoa são praticadas corriqueiramente. Parece que nos encontramos em um processo de banalização, no qual tratar a pessoa como coisa ou meio não causa mais mal estar moral.

Surpreende a todos os intelectuais, aos sérios defensores dos direitos humanos, a todos os que professam uma fé religiosa da qual emana o valor incomensurável da vida, os protestos dos meios de comunicação de massa, principalmente na Europa, acerca da posição da Igreja Católica sobre o combate à AIDS. Injustificadamente, a mídia européia, com eco também no Brasil, atacou ferozmente a Igreja Católica e sua Missão Evangelizadora, descontextualizando e suprimindo as declarações do Papa Bento XVI em sua visita à Igreja Africana. Nota-se uma profunda má intenção destes meios em sabotar e desqualificar o pensamento moral da Igreja frente às controvérsias de uma sociedade banalizada pelos detentores do poder socioeconômico. Verifica-se, pelos mesmos, o claro intento de defender os interesses das grandes indústrias farmacêuticas e, principalmente, aquelas que lucram com a banalização do sexo.
Percebe-se uma cultura do desfalque, da corrupção, que nega a verdade mais profunda e comum a todos, a nossa humanidade. É incompreensível, e intolerável, que grupos da mídia, infelizmente, em muitos casos católicos que sem escrúpulos beneficiam-se da riqueza daqueles que empobreceram o povo, atribuam-se o direito de desfigurar a verdade para se apresentarem como “protetores” diante da realidade dramática dos nossos irmãos e irmãs portadores do HIV-AIDS. Choca a falta de sensibilidade desses grupos em não perceberem a gravidade do mal que fazem para a sociedade, quando colocam os interesses econômicos à frente dos humanos.
Fazendo isso, perdem a credibilidade profissional, pois há uma diferença muito grande entre informar/noticiar e criar notícias sensacionais e escandalosas para tomar partido dos que querem destruir a pessoa em sua integralidade.

É preciso sim, nesta pós-modernidade, promover a humanização da sexualidade e a autentica amizade pelos que sofrem com o mal do HIV-AIDS. Não se vencerá esta doença extinguindo os valores morais e espirituais, principalmente dos jovens, tornando-os prezas fáceis para a depravação sexual, defendida pela grande mídia (só assim podem vender seus produtos eróticos, tornado o homem um ser erotizado), transformando- os em meras mercadorias, objetos sem vida e sem alma. Afirmam que a Igreja defender a castidade e o respeito mútuo entre as pessoas é um crime contra a humanidade. Ora, crime humanitário é privar as crianças e os jovens de uma educação sexual séria, responsável e sadia. Não se pode tratar este flagelo apenas com a distribuição de preservativos, com dinheiro e anúncios publicitários (embora sejam necessários), se não houver uma verdadeira conscientização sexual a AIDS não terá fim. Promover a castidade (respeito consigo próprio e com o outro), a fidelidade, a virgindade e, não menos, a abstinência sexual é necessário sim, apesar das duras críticas de muitos, para a re-valorização do corpo humano, templo e morada de Deus, e do relacionamento sexual que, no desejo de opor-se ao antigo pensamento do sexo para procriação, transformou- se em mera saciedade do desejo, ocasionando o número cada vez maior de jovens infectados pelo HIV e de adolescentes grávidas. Ora, o uso de preservativos pode mudar essa realidade. Mentira! As indústrias farmacêuticas lucram com a doença e com a distribuição de camisinhas. Se o desejo fosse realmente o combate à AIDS, as patentes dos coquetéis de remédios contra ela seriam todas derrubadas, ocasionando a distribuição gratuita dos mesmos. A camisinha pode ajudar sim, não há dúvidas disso, mas ela não é totalmente segura, pode furar, romper-se, causando danos irreparáveis à vida de quem a usou. Somente a educação moral da sexualidade pode pausar esse vírus. E não me refiro a um moralismo exacerbado, mas ao respeito próprio, à dignidade humana.

Faz-se necessário ressaltar a mensagem do papa Bento XVI, de que a solução para se combater o HIV-AIDS deve ser procurada em duas direções: por um lado a humanização da sexualidade e, por outro, numa autêntica amizade e disponibilidade em relação às pessoas que sofrem, ressaltando também o compromisso da Igreja nos dois âmbitos. Sem esta dimensão moral e educativa, a luta contra a AIDS nunca será vencida e o valor da pessoa humana cada vez mais depreciado e resumido no lucro que ela pode dar àqueles que sempre lucraram com o empobrecimento do nosso povo.

Maycon Mazzaro
Militante da Pastoral da Juventude de Campinas
Seminarista da Arquidiocese de Campinas