E há tempos são os jovens que adoecem;
há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos,
e só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção.
(Legião Urbana)
há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos,
e só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção.
(Legião Urbana)
No auge de todos os valores acessíveis ao homem mediante a razão, brilhando supremamente, encontra-se o valor da pessoa humana. Apesar de já existirem inúmeras obras e leis em defesa de sua dignidade, apesar de existirem tantos movimentos na luta pelo tratamento mais “humano” do homem, basta ouvir um noticiário ou, simplesmente, olhar para o lado para notar que ações que atentam contra a pessoa são praticadas corriqueiramente. Parece que nos encontramos em um processo de banalização, no qual tratar a pessoa como coisa ou meio não causa mais mal estar moral.
Surpreende a todos os intelectuais, aos sérios defensores dos direitos humanos, a todos os que professam uma fé religiosa da qual emana o valor incomensurável da vida, os protestos dos meios de comunicação de massa, principalmente na Europa, acerca da posição da Igreja Católica sobre o combate à AIDS. Injustificadamente, a mídia européia, com eco também no Brasil, atacou ferozmente a Igreja Católica e sua Missão Evangelizadora, descontextualizando e suprimindo as declarações do Papa Bento XVI em sua visita à Igreja Africana. Nota-se uma profunda má intenção destes meios em sabotar e desqualificar o pensamento moral da Igreja frente às controvérsias de uma sociedade banalizada pelos detentores do poder socioeconômico. Verifica-se, pelos mesmos, o claro intento de defender os interesses das grandes indústrias farmacêuticas e, principalmente, aquelas que lucram com a banalização do sexo.
Percebe-se uma cultura do desfalque, da corrupção, que nega a verdade mais profunda e comum a todos, a nossa humanidade. É incompreensível, e intolerável, que grupos da mídia, infelizmente, em muitos casos católicos que sem escrúpulos beneficiam-se da riqueza daqueles que empobreceram o povo, atribuam-se o direito de desfigurar a verdade para se apresentarem como “protetores” diante da realidade dramática dos nossos irmãos e irmãs portadores do HIV-AIDS. Choca a falta de sensibilidade desses grupos em não perceberem a gravidade do mal que fazem para a sociedade, quando colocam os interesses econômicos à frente dos humanos.
Fazendo isso, perdem a credibilidade profissional, pois há uma diferença muito grande entre informar/noticiar e criar notícias sensacionais e escandalosas para tomar partido dos que querem destruir a pessoa em sua integralidade.
É preciso sim, nesta pós-modernidade, promover a humanização da sexualidade e a autentica amizade pelos que sofrem com o mal do HIV-AIDS. Não se vencerá esta doença extinguindo os valores morais e espirituais, principalmente dos jovens, tornando-os prezas fáceis para a depravação sexual, defendida pela grande mídia (só assim podem vender seus produtos eróticos, tornado o homem um ser erotizado), transformando- os em meras mercadorias, objetos sem vida e sem alma. Afirmam que a Igreja defender a castidade e o respeito mútuo entre as pessoas é um crime contra a humanidade. Ora, crime humanitário é privar as crianças e os jovens de uma educação sexual séria, responsável e sadia. Não se pode tratar este flagelo apenas com a distribuição de preservativos, com dinheiro e anúncios publicitários (embora sejam necessários), se não houver uma verdadeira conscientização sexual a AIDS não terá fim. Promover a castidade (respeito consigo próprio e com o outro), a fidelidade, a virgindade e, não menos, a abstinência sexual é necessário sim, apesar das duras críticas de muitos, para a re-valorização do corpo humano, templo e morada de Deus, e do relacionamento sexual que, no desejo de opor-se ao antigo pensamento do sexo para procriação, transformou- se em mera saciedade do desejo, ocasionando o número cada vez maior de jovens infectados pelo HIV e de adolescentes grávidas. Ora, o uso de preservativos pode mudar essa realidade. Mentira! As indústrias farmacêuticas lucram com a doença e com a distribuição de camisinhas. Se o desejo fosse realmente o combate à AIDS, as patentes dos coquetéis de remédios contra ela seriam todas derrubadas, ocasionando a distribuição gratuita dos mesmos. A camisinha pode ajudar sim, não há dúvidas disso, mas ela não é totalmente segura, pode furar, romper-se, causando danos irreparáveis à vida de quem a usou. Somente a educação moral da sexualidade pode pausar esse vírus. E não me refiro a um moralismo exacerbado, mas ao respeito próprio, à dignidade humana.
Faz-se necessário ressaltar a mensagem do papa Bento XVI, de que a solução para se combater o HIV-AIDS deve ser procurada em duas direções: por um lado a humanização da sexualidade e, por outro, numa autêntica amizade e disponibilidade em relação às pessoas que sofrem, ressaltando também o compromisso da Igreja nos dois âmbitos. Sem esta dimensão moral e educativa, a luta contra a AIDS nunca será vencida e o valor da pessoa humana cada vez mais depreciado e resumido no lucro que ela pode dar àqueles que sempre lucraram com o empobrecimento do nosso povo.
Maycon Mazzaro
Militante da Pastoral da Juventude de Campinas
Seminarista da Arquidiocese de Campinas
Maycon Mazzaro
Militante da Pastoral da Juventude de Campinas
Seminarista da Arquidiocese de Campinas