Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 16 de abril de 2009

*UMA PALAVRA, DUAS LETRAS

Como viver sem ela? Como encontrar sentido à vida, aos problemas, aos desafios, às frustrações, ao nosso viver do dia a dia sem contar com ela? Nela tudo está envolvido e tudo depende dela: “A Fé”. Um amigo médico, nesta semana em conversa de amigos, me dizia: “Os ateus estão com nada”. Chamou-me atenção o fato de que ele é um homem de fé, mas tem um estilo próprio de cultivá-la, frequenta o templo, gosta de orar, lê muito, conhece a Palavra de Deus, mas não expressa nenhum fanatismo.

Interessante também, porque, hoje, a ciência está preocupada em desvendar os segredos de certas curas, não por serem milagrosas, mas por virem de pessoas que tem fé. Pessoas que acreditam, têm maiores chances de superar enfermidades, às vezes em gravidade intensa.

Este fenômeno intrínseco ao ser humano, que é a capacidade de crer, acreditar mesmo sem ter provas científicas, garante o êxito em todos os campos da existência humana, e nos fazem pessoas com capacidade de olhar além do cotidiano, complicado e tremendamente humano. A crise de fé de Tomé, ao saber que os colegas tinham visto o Senhor Ressuscitado, não é uma simples incredulidade; é sim, uma vontade heróica de ver Jesus. Vocês viram, eu também quero ver. Jesus acaba dando esta chance a Tomé, para deixar-nos um segredo. “Felizes os que acreditaram sem ter visto”( Jo 20,29)

A Fé é um presente que Deus deu e dá sempre, que precisa ser cultivado sem meias medidas, caso contrário, nos deixamos envolver por sentimento puramente humanos e por explicações subjetivas que não levam a nada, complicando, cada vez mais, a existência. Os grandes heróis da história e das religiões foram pessoas que souberam acreditar, sem nenhuma segurança humana. Lançaram-se, sem medida, na busca dos seus ideais, ou de realizar uma missão solicitada por Deus.

Todos os personagens bíblicos são exemplos marcantes. Um exemplo mais evidente, Maria, menina que já tinha programado o seu futuro, recebe a noticia para ser mãe do Salvador, que a deixa desconcertada. Mesmo duvidando, aceita a proposta respondendo: “Aqui está a escrava do Senhor, faça-se em mim conforme a tua Palavra”(Lc 1,38). A este propósito afirmava João Paulo II: “Maria, ensina-nos a reconhecer humildemente, quanto são “insondáveis os desígnios” e imperscrutáveis os caminhos” de Deus.

Aquela que pela eterna vontade do Altíssimo veio a se encontrar, por assim dizer, no próprio centro dos “imperscrutáveis caminhos” e dos “insondáveis desígnios” de Deus, a eles se conforma, na obscuridade da fé. Aceitando plenamente e com o coração aberto tudo quanto é disposição dos desígnios divinos( Rm 14).

A pessoa de fé não está predestinada a viver sempre na luz, pelo contrário é mais provada que outra que nunca acreditou. As provações são sinais de que a vida é feita de cruzes, sofrimentos, morte e ressurreição. Acabamos de celebrar o segredo central de nossa capacidade de crer, a razão profunda de nossa fé. A Páscoa existe para lembrar o espetáculo inigualável da fé chamado Ressurreição. “Se Cristo não tivesse ressuscitado vazia seria a nossa fé”(I Cor, 15,14)).

Precisamos cultivar uma fé viva, desnudada de crendices e amuletos, para não titubear no caminho do seguimento do Mestre e Senhor. E ser capaz, como dia o Apóstolo Paulo aos Romanos, confessar e crer: “Se com sua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10, 8).

Ó palavrinha, tão pequena e tão forte, saia de nossa boca, essa prece: “Senhor aumentai a minha Fé”!

*Dom Anuar Battisti é arcebispo de Maringá-PR