O cristianismo é uma religião composta de símbolos e ritos cujos significados vêm da Sagrada Escritura, da Igreja primitiva com um grito forte de libertação. É o próprio Deus que opta em favor do oprimido. “Javé Deus disse: vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores e conheço o seu sofrimento” (Êxodo 3,7).
Durante este tempo santo, entramos no íntimo deste mistério, pois Deus que mandou o seu próprio Filho para salvar o homem, os políticos da época usando a religião conseguiram levá-lo para a cruz como o pior dos criminosos. “A morte de Jesus, portanto, não ocorreu por acaso, mas é resultado de um plano dos líderes religiosos e políticos. Esse plano dá certo porque Judas, um dos que andavam com Jesus, rompe o cerco, permitindo que os de fora (Marcos 4,11) executem seus projetos de morte” (Revista Vida Pastoral - n. 265, p.49).
Houve um tempo, por causa da Palavra de Deus e da proposta transformadora presente nos símbolos e ritos do cristianismo, os homens de Deus não podiam anunciar nem denunciar. Para calar, usavam a violência física, ou ainda, usa-se a coação através da força de símbolos, situações, constrangimento, ameaças; pela exploração de fatos ou de situações; pela negação de informações ou de um bem de necessidade imediata ou irrevogável; por chantagens e pela cultura de medo, entre outras formas. Pela humilhação” (CF 2009, p. 48). São maneiras de se crucificar.
Atualmente, a Palavra de Deus está em todas as partes da mídia. Isto pode ser um perigo! Como os homens das trevas, como disse Jesus, continuam mais espertos que os homens da luz! É a instrumentalização do religioso para interesses próprios: o dinheiro e o poder. E coitado de quem questionar! Repetindo, há muitas outras maneiras de se crucificar. E como são criativos.
Aonde chegamos? Deve ser o final dos tempos. Nunca se pecou tanto contra o 2º. Mandamento como hoje. Ainda provocam: “onde está seu Deus” (Salmo 42, 4)? Por que falsos homens de Deus fazem mais milagres do que os que são de fato? Por que os santos, que possivelmente nunca existiram, fazem mais milagres dos que aqueles que se martirizaram por causa do projeto de Jesus Cristo? E o pior! Pseudo-sacerdotes dão a entender que são mais do que os sacerdotes reais. “Javé respondeu: É mentira que esses profetas falam em meu nome. Eu não os enviei, não lhes dei ordem nenhuma, nem falei com eles... E assim tanto sacerdotes e profetas mesmo percorrem o país sem saberem o que fazer” (Jeremias 14, 14.18).
Agora é o momento, a partir da Palavra de Deus, de refletirmos sobre a nossa realidade, onde perigosos e astutos, como a serpente, continuam crucificando os seguidores do crucificado. A história sempre se repete, porque o anseio divino é sempre o mesmo: a Páscoa é fruto da justiça (CF 2009).
*Assessor diocesano da Pastoral da Comunicação
Pároco da Paróquia Cristo Rei de Apucarana – PR.