Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Pe João Caruana relata sua 1ª experiência em Guajará-mirim

Após ter visitado rapidamente Madri e Malta para o Natal - uma semana - eu cheguei a Guajará-mirim, dia 2 de Janeiro. Dia 04 de Janeiro, Domingo à tarde comecei a Romaria da Nossa Senhora do Seringueiro, junto com Dom Geraldo, padres e irmãs, seminaristas e leigos, ao longo do rio Mamoré e rio Guaporé visitando umas 20 comunidades e aldeias ao longo dos 1040 (mil e quarenta) kilometros, qual Romaria - Viagem foi simplesmente maravilhosa. Maravilhosa pela natureza, pelas comunidades e aldeias que visitamos - brasileiras, bolivianas e indígenas.

Foi assim: saímos de Guajará-mirim com o barco e por cinco dias. Andamos dia e noite sem parar até chegarmos à comunidade mais distante que visitamos - de Pimenteiras.

A primeira surpresa: vi alguém de longe que parecia conhecido: olhei, olhei e olhei, e em fim era ele mesmo: padre Zenildo Megiatto, de São Pedro do Ivaí que estava lá ao convite do seminarista Renato que trabalhou com ele, e nos acompanhou na Romaria! Eu o saudei dizendo: "eu queria fugir de Maringá e agora Maringá vem atrás de mim!!!" rimos e nos abraçamos! Amigos da luta!

O Rio Guaporé tem ao lado o Brasil e no outro lado a Bolívia. Então visitamos quatro comunidades da Bolívia - Remanso, Cafetal, Mateguá e Martincha! Os Bolivianos são simpáticos, acolhedores e respeitosos. Você sente que eles conhecem o bispo Dom Geraldo muito bem porque sempre os prestigiou com estas visitas. A liturgia deles é muito bonita, em espanhol com musica muito bonita, muito alegre, com palavras bem libertadoras! Um dia eu mando a musica. Para o Tempo da Páscoa são hinos maravilhosos! Tudo mundo entende.

Lembro bem, em um domingo de manha, a partida foi muito bonita: nós no barco em baixo, eles, umas 200 pessoas, no alto nos saudando, e eu olhando a face de cada um e uma - homens, mulheres e crianças – você nota nenhuma distração, só devoção e respeito enorme para Nossa Senhora e a comitiva que está se despedindo! Sempre queria visitar e conhecer de perto os Bolivianos - confessa uma experiência inesquecível para mim.

Ao lado, sozinho, eu chorei!
E assim, foi nas outras três comunidades bolivianas, que visitamos.

A primeira comunidade Brasileira que visitamos foi a de Pimenteiras onde tinha nove casamentos, primeira comunhão e crisma de alguns adolescentes! E assim foi nas outras comunidades com as esperanças e dificuldades delas. Uma ou outra pediram mais tempo para falar com o bispo sobre dificuldades de vida da comunidade: numa delas onde um Senhor de quase 80 anos e ainda é Presidente do CAE e não queria renunciar! Chegaram ao entendimento de marcar uma eleição para escolher uma nova equipe - mas com direito de se re-eleger!!!

Devo aqui dizer que um tal de Padre Zezinho, muito sério, clarietano é responsável pala "pastoral fluvial". Ele tem um barco e visita as comunidades e aldeias ao longo dos 1000 kilometros de rio, três ou quatro vezes ao ano! Não precisa dizer que fiquei com ciúme dele!!!
Mostrei para ele que quando ele precisar viajar eu seria um substituo disponível, mesmo que não tão eficiente quanto ele! Já me introduzi ao piloto do barco dele!!! Mas tudo mostra que o meu trabalho vai ser mais no chão!!

Quero dizer que dependendo do lugar, os mosquitos são inimigos numero hum!! Pode usar o spray que você quiser: eles passam pela camisa, pelas meias, pelo jeans, mesmo se for de marca! Quando o bispo reparou que o meu spray acabou me deu dele!

Não falei: no barco me deram à cama no mesmo quarto do bispo - um quarto de quatro metros quadrados (coitado do bispo), eu tentando controlar o meu notório ronco! Mas parece que não consegui!!

A experiência nas aldeias dos Índios é uma outra história!
A experiência em duas delas foi excepcional mesmo: a de Sagarana e RicardoFranco. Em uma, duas vovozinha com os netos jovens, preparou uma dança para nós! As senhoras bem acabadas com o sofrimento da vida e os netos jovens cheios de vida e de futuro, orgulhosos dançando com suas avós. Inesquecível.

Na outra de Sagarana, alem do fato histórico e profético que o Bispo Dom Roberto, brasileiro, ao pedido deles é sepultado na aldeia juntos com eles. Na liturgia tinha muitas crianças alegres, pulando um em cima do outro, um coral com mais ou menos vinte jovens, moços e moças com uniforme - azul e amarelo, cantando a missa toda em português e na língua deles (ARO WARI) com entusiasmo, com fé, energia que e não é comum.
Eu já estava calculando quanto custaria para convidar o coral para um encontro das CEBS, por exemplo!"!!!!
Dom Geraldo preparou um pequeno discurso na língua deles e ele pediu as crianças em frente dele par dizer se ele estava certo ou nã0! E era gozado o bispo tentando ler o que prepararam para ele na língua deles, e apos cada frase, ele perguntando às crianças se era errado ou certo, e as crianças gritavam Está certo! Esta errada!Foi divertido!
Depois que terminou a missa tudo mundo com a vela acesa foi no tumulo de Dom Roberto o bispo sepultado na aldeia, concluindo um encontro muito bonito e verdadeiramente memorável.
Infelizmente não encontrei os Maringaenses que vieram fazer trabalho missionário na paróquia juntos com Padre Gecivam. A Romaria demorou quase três semanas - entre 04 de janeiro e quinta feira 20 ou 21 de janeiro. Mas daquilo que eu escutei falar na paróquia eles foi muito bem recebido e deixaram uma boa impressão no sentido bom da palavra.
Vou terminar porque estou no aeroporto em Brasília, o avião está chamando, estou indo para Belém do Pará participar do Foro Social Mundial (FSM).
Pe João Caruana