Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Onde você guarda o seu racismo?

No próximo domingo, o Brasil celebra o dia nacional de combate ao racismo. O nosso país tem marcas dolorosas, feridas que mancharam o passado de nossa história de forma bruta e cruel. No contexto atual, podemos dizer que não existe discriminação de cor ou de raça, de forma a ser um problema social. Veladamente, podemos afirmar que ainda existem atitudes, comportamentos e até maneira de ser, guardando um certo tipo de discriminação. A pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostrou que grande parte dos brasileiros - 87% - admite que há discriminação racial no país, mas apenas 4% da população se considera racista. Somos um país que pode exibir para o mundo uma realidade modelo, de convivência social entre todas as raças.

“A Constituição de 1988 tornou a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade que o crime). Os agitados tempos da Regência, na década de 1830, assinalam o anti-racismo no seu nascedouro quando uma primeira geração de brasileiros negros ilustrados dedicou-se a denunciar o "preconceito de cor" em jornais específicos de luta (a "imprensa mulata"), repudiando o reconhecimento público das "raças" e reivindicando a concretização dos direitos de cidadania já contemplados pela Constituição de 1824” . Afinal de contas o que é o racismo? Vamos buscar na enciclopédia a definição.

“O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré concebidas onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade”.

A harmonia que existe, apesar das diferenças sociais gritantes, faz com que o clima de relacionamentos entre as pessoas seja tranqüilo, sereno e direto. A diversidade racial, cultural, étnica faz a beleza deste país continente, cujo povo sabe conviver na fartura e na carestia. Mesmo agora com todo o clima de instabilidade econômica, que não oferece segurança para o futuro, onde a palavra doida e mais falada é recessão, o povo sabe como ultrapassar essas barreiras e reconstruir na fé e na garra de quem luta, sofre e acredita. Por isso o ódio, o desencanto, a discriminação são contra valores a serem jogados fora da convivência humana. A educação para a vida e para o amor devem se tornar prioridade desde o berço materno. “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem ou ainda pela sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”(Nelson Mandela). Então “onde você guarda o seu racismo? Não guarde, jogue fora”!(Lema da campanha de combate ao racismo).

Dom Anuar Battisti, arcebispo metropolitano de Maringá – Pr.