Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ecologia: que que eu tenho a ver com isso?

É problemática a relação do homem com a natureza?
Sem dúvida é.
Nos dias 20, 21 e 22 de outubro estivemos no Congresso de Teologia e Ecologia em Curitiba. Nomes importantes da teologia brasileira estiveram falando. E ao final dele a conclusão foi: é necessário mudar de paradigmas. Precisamos urgentemente ter novas atitudes, mudar de esquemas, de modelos de consumo. Chame como quiser, mas mude também.

Na internet é possível calcular nossa “pegada ecológica”, fiz lá os meus cálculos. Se todo ser humano tivesse hábitos de consumo como os que eu tenho (ou tinha até receber esta notícia) seriam necessários três planetas Terra! (conheço gente que precisaria de nove). Alguma coisa está errada e acho que sou eu. “Assim não dá pra continuar”, me disse o próprio site.

É no indivíduo que se inicia a mudança. Uma instituição não faz isso, os governantes não vão nos mandar consumir menos, comer menos carne, comprar menos carros (cito carne e carro porque segundo os conhecedores são os dois maiores problemas de nossa sociedade consumista e destruidora). Eu faço a minha parte e você faz a sua, comecemos por aí. Abraçar uma árvore não é suficiente. Rezar para São Francisco de Assis é pouco. Fazer novena pela conversão dos assassinos de tartarugas marinhas não basta

Quando Deus criou “viu que tudo era bom” (Gn 1,31). Relacionava-se harmonicamente o homem com Deus, o homem com a mulher, o homem com a natureza. Mandando-nos dominar a terra Deus dava-nos o chão para plantar e alimentarmo-nos, não para destruir. Entendemos errado. Enganaram-nos.

Diz o mito que tudo o que Midas tocava virava ouro. O homem deseja que tudo o que tocar se torne dinheiro. Com essa cobiça estragamos tudo. O homem não é o centro a quem toda a criação serve, pelo contrário a criação suspira e espera a manifestação dos filhos de Deus (cf. Rm 8,22). “Deus colocou o homem no jardim de Éden para o cultivar e guardar” (Gn 2,15).

Se a idade do planeta fosse de um ano o ser humano teria começado a existir a três segundos. Não podemos nos achar proprietários de tudo, princípio e fim da criação. Não se pode considerar a natureza como simples recurso para nosso desenvolvimento (aliás, desenvolvimento = des + envolvimento, desligamento, descompromisso). Estudiosos dizem que a natureza já passou por cinco grandes crises e superou todas (era glacial, queda de meteoros...), ela sobrevive. A atual crise ecológica deve ser a sexta, mas a natureza também passará por ela. E nós? Passaremos? Sobreviveremos a esta crise? Poderemos contar história depois?

Você precisa comer tanta carne? Não pode pegar carona alguns dias deixando o carro na garagem? Precisa gastar tanta energia elétrica? E a água. Não dá pra ser mais racional em seu uso? O lixo: orgânico e reciclável está tudo misturado?

Talvez você cristão defensor da vida e cuidador da criação de Deus se sinta o beija-flor que leva uma gota d’água no bico para apagar o incêndio da floresta. Eu também. Que tal usarmos nossos bicos para cutucar o elefante? Enquanto isso já somos dois os que, apesar dos governos e da lógica consumista, estão fazendo o mundo melhor.

Marcos André de Oliveira
Seminarista
2.º ano de teologia