Mulheres da Vila: um jeito solidário de reciclar
1 - Um pouco da nossa história...
Nos anos 2000, depois de longa caminhada e muitas lutas junto ao povo, conseguimos realizar este sonho: a nossa Comunidade Maloca. Uma casa aberta e acolhedora onde convivem várias pessoas, onde se sustentam projetos em favor da vida e onde se recebem pessoas amigas e companheiras do Brasil e do mundo. Os valores que nos iluminam são estes: a Partilha, a Solidariedade, a Celebração da Vida e a Busca de um Outro Mundo Possível! Participamos das CEBs, do movimento Fé e Política e do movimento de Economia Popular Solidária.
Nos anos 2000, depois de longa caminhada e muitas lutas junto ao povo, conseguimos realizar este sonho: a nossa Comunidade Maloca. Uma casa aberta e acolhedora onde convivem várias pessoas, onde se sustentam projetos em favor da vida e onde se recebem pessoas amigas e companheiras do Brasil e do mundo. Os valores que nos iluminam são estes: a Partilha, a Solidariedade, a Celebração da Vida e a Busca de um Outro Mundo Possível! Participamos das CEBs, do movimento Fé e Política e do movimento de Economia Popular Solidária.
A Comunidade Maloca estava presente no Encontro Nacional de Fé e Política, na cidade de Vitória, em março de 2006. Numa plenária, depois de uma análise de conjuntura, feita pelos atuais formadores de consciência, segundo a qual a “responsabilidade da mudança estrutural e social é delegada aos grandes e ao governo...”, isto é de cima para baixo, um companheiro nos envolveu numa nova reflexão: “... cada um de nós que está aqui tem muito claro o tipo de sociedade solidária que queremos, então por que não a vivemos!? Em casa, na comunidade, no bairro, no assentamento, no trabalho, na igreja, etc...”, isto é de dentro para fora. Esta provocação mexeu em nós! Desde o início o artesanato, além de fonte de sustentação, é a opção de vida que escolhemos para expressar nossa arte, mística, poesia e visão do mundo (velas, ícones orientais em madeira reciclada, bijuterias, mosaicos). Assim surgiu, alguns dias depois, um compromisso novo em nossa caminhada: partilhar trabalhos, saberes e espiritualidade com algumas companheiras da Vila Apolônia. O produto inicial foi os colares de retalhos reciclados, depois novas idéias surgiram... Outras pessoas se ajuntaram partilhando saberes e sonhos. Tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho da Dona Raimunda de Morro Alto (Vespasiano). Uma mulher pobre, de 94 anos, que costura a mão colchas de retalhos e que nos inspirou novas idéias. Este trabalho da Dona Raimunda resgata a arte original e antiga das nossas avós lá na roça. Elas, também pobres, reaproveitavam e reciclavam tudo que podia ser útil. Hoje, quem conhece a nossa arte comenta, “minha avó fazia assim...”
2 - O espírito do grupo
Queremos, agora, apresentar um pouco da alma do nosso grupo nesta mensagem que acompanha o nosso cartão de visita:
Queremos, agora, apresentar um pouco da alma do nosso grupo nesta mensagem que acompanha o nosso cartão de visita:
"Os nossos dons em mutirão repartimos com amor no dia a dia e agora com você!... É com esse sentimento lindo que nós, mulheres... mulheres da vila, nos encontramos todas as tardes. Aqui nossas idéias e ideais se juntam, se amarram, se enrolam e se reciclam entre agulhas, linhas, retalhos e contas... azuis, amarelas, lilás, verdes, vermelhas... e nesse papo vai... (vai levando nossas angústias, tristezas, solidão, dificuldades, medos) papo vem... (vem trazendo alegrias, encanto, esperança, possibilidades, mudanças, socializações, cidadania) a gente vai rompendo o dia nessa costura de realidade, sonhos, cores, trouxinhas, caracóis, contas, contos e encantos."
Eis aqui, amigas e amigos. A base do nosso trabalho está no espírito das primeiras Comunidades Cristãs que colocavam tudo em comum e da Economia Popular Solidária – EPS - que busca melhorar a qualidade de vida das pessoas de forma integral. Em toda a nossa arte destaca-se a reciclagem, a originalidade e a liberdade de expressão de cada mulher.
3 - Quem somos
Somos Marias, Raimundas, Lauras, Creuzas, Emílias... mulheres negras, índias, mestiças, solidárias, sensíveis, autenticas, “amélias e feministas”, livres de se expressar sem bloqueios, disponíveis, fortes, corajosas, sinceras, alegres, cômicas, sabemos desdramatizar o sofrimento e achar sempre o lado bom, somos animadoras de Comunidades Eclesiais de Base, participamos das lutas para melhorar as condições de vida e, por isso, ainda sonhamos! Somos, hoje, cerca de umas trinta e cinco mulheres, a maioria moradora da favela Vila Apolônia – Bairro Jardim Leblon – Venda Nova – Belo Horizonte e, as outras, de Morro Alto – Vespasiano – Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG. A idade varia dos 15 aos 25 anos (8 mulheres), dos 25 aos 45 anos (12 mulheres), dos 45 aos 65 anos (11 mulheres), dos 65 aos 94 anos (4 mulheres).
Somos Marias, Raimundas, Lauras, Creuzas, Emílias... mulheres negras, índias, mestiças, solidárias, sensíveis, autenticas, “amélias e feministas”, livres de se expressar sem bloqueios, disponíveis, fortes, corajosas, sinceras, alegres, cômicas, sabemos desdramatizar o sofrimento e achar sempre o lado bom, somos animadoras de Comunidades Eclesiais de Base, participamos das lutas para melhorar as condições de vida e, por isso, ainda sonhamos! Somos, hoje, cerca de umas trinta e cinco mulheres, a maioria moradora da favela Vila Apolônia – Bairro Jardim Leblon – Venda Nova – Belo Horizonte e, as outras, de Morro Alto – Vespasiano – Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG. A idade varia dos 15 aos 25 anos (8 mulheres), dos 25 aos 45 anos (12 mulheres), dos 45 aos 65 anos (11 mulheres), dos 65 aos 94 anos (4 mulheres).
Muitas são mães sem marido ou companheiro e com vários filhos, algumas são casadas, mas com sérios problemas familiares, outras têm uma vida familiar boa, mas enfrentam o desemprego ou o trabalho informal. Para nós o artesanato atual é a única fonte de renda que sustenta a família. Muitas são analfabetas ou semi-analfabetas. Todas vêm sofrendo o preconceito comum, a violência social e doméstica, a discriminação reservada para quem mora em favela, o que torna quase impossível o acesso ao trabalho e à vida social no sentido amplo.
4 - Como trabalhamos
O nosso encontro e trabalho se fundamentam na pedagogia do nós, do sonho e do positivo. Tudo que produzimos e comercializamos é repartido com justiça entre todas, mas antes de tudo, nós damos prioridade às necessidades que cada uma tem. A ética do nosso trabalho fundamenta-se na produção coletiva, na reciclagem, na partilha dos saberes e dos conhecimentos. Somos da Economia Popular Solidária, não queremos competir com o capitalismo: nossos valores são outros e nosso espírito também! O grupo se organiza na divisão de tarefas e de responsabilidades. Imaginem a figura de um corpo de mulher em movimento no qual o coração é o movimento responsável pela formação integral do grupo (espiritualidade, sensibilidade, ecologia, consumo ético, relações internas, partilha, animação, consciência feminina, lazer, superação dos conflitos, etc.); o rosto é o movimento responsável das relações (divulgação dos produtos, dos contatos comerciais, da participação nos encontros de intercâmbio e de coordenação, do controle de qualidade dos produtos, da facilitação e aproximação dos consumidores,); as mãos são o movimento responsável pela produção (da criação dos modelos, da seleção dos materiais utilizados, da própria qualidade dos produtos, dos acabamentos e melhoramentos); os pés são o movimento responsável da logística (das compras, da procura de materiais, da seleção do calendário das feiras e exposições, da definição dos preços e comercialização justos dos produtos, dos compromissos a serem cumpridos)... E estes movimentos, todos em harmonia.
O nosso encontro e trabalho se fundamentam na pedagogia do nós, do sonho e do positivo. Tudo que produzimos e comercializamos é repartido com justiça entre todas, mas antes de tudo, nós damos prioridade às necessidades que cada uma tem. A ética do nosso trabalho fundamenta-se na produção coletiva, na reciclagem, na partilha dos saberes e dos conhecimentos. Somos da Economia Popular Solidária, não queremos competir com o capitalismo: nossos valores são outros e nosso espírito também! O grupo se organiza na divisão de tarefas e de responsabilidades. Imaginem a figura de um corpo de mulher em movimento no qual o coração é o movimento responsável pela formação integral do grupo (espiritualidade, sensibilidade, ecologia, consumo ético, relações internas, partilha, animação, consciência feminina, lazer, superação dos conflitos, etc.); o rosto é o movimento responsável das relações (divulgação dos produtos, dos contatos comerciais, da participação nos encontros de intercâmbio e de coordenação, do controle de qualidade dos produtos, da facilitação e aproximação dos consumidores,); as mãos são o movimento responsável pela produção (da criação dos modelos, da seleção dos materiais utilizados, da própria qualidade dos produtos, dos acabamentos e melhoramentos); os pés são o movimento responsável da logística (das compras, da procura de materiais, da seleção do calendário das feiras e exposições, da definição dos preços e comercialização justos dos produtos, dos compromissos a serem cumpridos)... E estes movimentos, todos em harmonia.
5 - Os nossos produtos
- Bolsas exclusivas dupla face (feitas à mão com tecidos de colchas de retalhos e bordadas);
- Colares de retalhos de malha (composições originais e únicas de retalhos coloridos, miçangas e sementes); - Saias exclusivas e vestidos refeitos a mão (também feitas com tecido de colchas de retalhos ou retalhos de tecidos variados) todos com bordados (motivos florais e da natureza, símbolos esotéricos, românticos, afro, indígenas e outros);- Porta-retratos e espelhos (de madeira reciclada e decorados com os caracóis e trouxinhas dos colares reaproveitando as sobras em geral);
- Colchas de retalhos todas bordadas (forradas ou embutidas tipo edredom);
- Chinelos Hawayanas forrados e enfeitados com retalhos em formas artísticas;
- Formação (disponibilidade de partilhar os nossos conhecimentos, experiências de trabalho e organização através encontros, oficinas, e intercâmbio com outros grupos).
- Bolsas exclusivas dupla face (feitas à mão com tecidos de colchas de retalhos e bordadas);
- Colares de retalhos de malha (composições originais e únicas de retalhos coloridos, miçangas e sementes); - Saias exclusivas e vestidos refeitos a mão (também feitas com tecido de colchas de retalhos ou retalhos de tecidos variados) todos com bordados (motivos florais e da natureza, símbolos esotéricos, românticos, afro, indígenas e outros);- Porta-retratos e espelhos (de madeira reciclada e decorados com os caracóis e trouxinhas dos colares reaproveitando as sobras em geral);
- Colchas de retalhos todas bordadas (forradas ou embutidas tipo edredom);
- Chinelos Hawayanas forrados e enfeitados com retalhos em formas artísticas;
- Formação (disponibilidade de partilhar os nossos conhecimentos, experiências de trabalho e organização através encontros, oficinas, e intercâmbio com outros grupos).
Alem disso a nossa Maloca tornou-se um centro de coleta de retalhos e outros materiais e, também um centro de distribuição para outros grupos e associações solidárias. Estamos comprometidas na coordenação do Fórum Metropolitano de EPS, na COMDIM (Coordenadoria Municipal dos Direitos da Mulher) e nas Redes Solidárias.
E pra terminar, iniciamos com um forte e demorado abraço...
Mulheres da Vila