Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

terça-feira, 22 de julho de 2008

A ECOLOGIA HUMANA

Nunca sentimos tanta necessidade de cuidar da natureza como nestes últimos anos. Nunca se fez tanta campanha, como agora, para despertar a consciência no uso racional da água; a seleção do lixo reciclável; o cuidado com a poluição do ar e das nascentes; a preocupação crescente com relação ao aquecimento global, cujas conseqüências já sentidas de maneira tão forte e incidente. Tudo isso faz com que nos sintamos co-responsáveis no assumir com seriedade e perseverança as medidas que nos são propostas. A solução não está na cúpula e sim na base, onde todos vivemos.
Dada à urgência de medidas severas e rígidas em nome da defesa ecológica e do amor à natureza, usa-se de certos radicalismos que às vezes chega a ser ridículo. Certamente é uma questão que nos toca a todos, usando de toda criatividade, responsabilidade e equilíbrio. Medidas drásticas como até queimadas de capim em banhados, ou a derrubada de arbustos em praças ou jardins privados, ou a destruição de ovos de tartaruga podem ir de uma pesada multa ou à reclusão. Tudo feito por amor à natureza!
Ao mesmo tempo em que se defende tão drasticamente a natureza, se esquece de que a vida humana no ventre materno está sendo ameaçada pela descriminalização do aborto, pela recente aprovação da morte de embriões humanos em nome do progresso científico. Tudo como se o ser humano fosse um simples conjunto de células sem vida. A morte do ser humano está decretada antes de nascer. Aquele homem e aquela mulher feitos à imagem e semelhança do criador não têm valor, são apenas objetos a serviço da ciência, a qual diz não precisar de Deus.
A incoerência de uma luta justa pela ecologia da natureza, coloca-se à margem a defesa da ecologia humana. Isto mostra uma concepção deturpada da vida e da pessoa, percorrendo caminhos totalmente alheios ao plano de Deus sobre a humanidade. Não existe maior contradição na inteligência do homem e da mulher do que defender a natureza e aprovar a morte do próprio ser humano no ventre materno ou nos laboratórios. Essa é uma das mais graves características do homem moderno, ou pós-moderno. No evangelho, Jesus chama de hipócritas os Fariseus por que “filtram o mosquito, e deixam passar os elefantes”.
A vida humana em primeiro lugar. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), a vida e a dignidade em primeiro lugar para todos. Teremos um mundo de paz e de glórias se deixarmos de lado atitudes ridículas e assumirmos a defesa da vida sem agradar os interesses internacionais de grupos econômicos cuja finalidade é o lucro sem critérios éticos e morais. Amar e defender a vida significa apostar na dignidade do ser humano. Veremos uma real defesa da ecologia da natureza, quando o ponto número um da pauta, dos homens e mulheres eleitos para dirigir o país, for ocupada pela ecologia humana em todos os sentidos.Veremos um efetivo trabalho, na defesa da natureza, quando todos nós valorizarmos o dom da vida como presente de Deus, que deve ser cuidado custe o que custar. Presente é coisa que fica no coração para sempre.

Dom Anuar Battisti
Arcebispo da Arquidiocese de Maringá