Estamos
no Ano da Fé. Esta é a luz que ilumina o dia dos finados. Na fé podemos dizer:
“minha morte será o dia mais feliz da minha vida” (P Haring). A celebração do
dia dos mortos é uma oportunidade impar para uma catequese sobre a fé. Tudo que
realizamos neste dia tem sua fonte na fé. As velas acesas são símbolo da fé e
das boas obras que nunca se apagam. Jesus é a luz sem ocaso. Vamos refletir
sobre a fé e o dia dos finados.
Primeiro,
fé na ressurreição. Nossa morte é nossa páscoa. Para o cristão não existe só a
morte. Somos testemunhas da fé na ressurreição. Assim, o dia dos mortos é dia
de confissão de fé na vida eterna, no céu, no futuro, na ressurreição, na esperança.
Cremos um dia estar com Cristo no céu.
Segundo,
fé na comunhão dos santos. Nossa fé não permite crença na reencarnação. Cremos
que os mortos, os santos, são nossos advogados, intercessores, nossos bons
anjos. Rezamos por eles e eles por nós. Que beleza, que prodígio. A fé une a
Igreja peregrina padecente e triunfante, ou seja, a Igreja na terra, no
purgatório e no céu.
Terceiro,
a fé na remissão dos pecados. Deus quer salvar a todos e concede a todos a
graça suficiente. A Igreja abre todas as portas do perdão na hora da morte,
porque é hora da decisão definitiva. Em cada Ave Maria rezamos para que a mãe
de Deus esteja conosco nesta hora. Assim podemos perder o medo da morte e não
ter medo nem dos mortos e nem do cemitério. Nossos túmulos são escolas de
reflexão sobre nossa fragilidade e santuários que preservam a dignidade humana.
Os mortos nos dizem: “Eu era o que tu és, tu serás o que sou”. Lembremos que o
bem, o amor, a Palavra permanecem e que Deus não passa.
Quarto,
cremos que o céu é preparado na terra pelas boas obras, pela reta consciência e
reta intenção, pelo amor fraterno
especialmente aos pobres e sofredores. Na terra preparamos o céu. Tudo tem
sentido e valor, sob a luz da fé.
Quinto,
a fé na vida. A morte não tem o domínio, a vitória, o poder final. Ela é
relativizada pela fé na ressurreição. Nossa vida não é tirada, mas,
transformada. “Não morro, entro na vida” (Sta. Terezinha). As Sagradas
Escrituras falam da glória, da felicidade, da coroação, da honra, da plenitude
da vida após a morte. A vida não acaba, entra em outra dimensão.
Sexto,
fé nas promessas de Deus. Sabemos que Deus não mente, não engana, nem se
engana. Ele nos criou para a vida. Em Jesus, o Pai cumpriu todas as suas
promessas. Ele nos adotou como filhos e quer que tenhamos comunhão, amizade,
convivência com Ele. Ele é o Deus dos vivos. Lutemos contra a cultura da morte.
Evitemos a pior morte que é o pecado grave e peçamos a morte mística que é a
superação do egoísmo, o esvaziamento do nosso ego.
Sétimo,
fé nas Sagradas Escrituras. Tudo o que dizemos sobre a vida após a morte, tem
seu fundamento nas Escrituras, na Palavra de Deus. O próprio Jesus se referia
às Escrituras para falar da sua ressurreição. A s coisas últimas, morte, juízo,
purgatório, inferno e céu são realidades reveladas ou fundamentadas nas
Escrituras. Já o livro dos Macabeus e de Jó aludem à ressurreição. Jesus em sua
pregação referia-se constantemente às coisas futuras, à ressurreição, à vida
eterna.
Santo
Agostinho reza diante do túmulo: “Nós vivemos neste mundo, tu agora vives no
mundo do Criador, o céu. O fio entre nós não foi cortado. Estou apenas fora das
vossas vistas, mas estamos em comunhão”. No túmulo de Gandhi estão escritos os
Sete Pecados da humanidade hoje: política sem princípios; riqueza sem trabalho;
prazer sem consciência; conhecimento sem caráter; economia sem ética; ciência
sem humanidade; religião sem sacrifício.
Que
frase você gostaria de colocar na sua sepultura? Eis uma sugestão: “Passei
fazendo o bem”.
Dom Orlando Brandes