Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ver - Avaliar - Agir - Minha orientação ao coordenador da CEBs


Coordenador de uma CEB de uma paróquia da Arquidiocese de Maringá, via e-mail, solicitou sugestões/orientações para que possa desenolver um bom trabalho.


Sugue a baixo o pedido de orientação e para evitar possíveis constrangimento ocultei o nome do coordenador, da paróquia e da CEB para preservar a identidade.

“ Estou como coordenador da comunidade (...), na paróquia (...) em Maringá, rescem implantada, gostaria de algumas sugestões/orientações, para desemvolver um trabalho, primeiro de como descobrir as nescessidades das pessoas da comunidade, depois da promoção das mesmas, quanto a saúde, catequese, participação da vida eclesial, em fim como e o que fazer pelas CEB's, dentro do "VER AVALIAR AGIR.
Aguardo atenciosamente,
(...)
CEB (...)”
Receber um pedido desse é desafiador e também muito delicado e ao mesmo tempo gratificante. Conversei muito com Deus a respeito de que resposta dar. Abaixo a resposta encaminhada ao coordenador.


Olá (...)

Você pede orientações para desenvolver um bom tralho, para descobrir as necessidades das pesseas e de realizar o “ver – avaliar e agir”. Acredite, a sua vontade de ser esse coordenador e a humildade em buscar ajuda é a principal resposta para suas perguntas.

São grandes os desafios, somos atropelados pela correria do tempo, por tantas imposições e frustações que a sociedade capitalista impõe a todos nós povo de Deus. Internet e televisão que embora sejam meios de informações são também geradoras da destruição do relacionamento familiar e comunitário. Distorce os valores cristãos e nos impõe valores que leva ao individualismo, ao comodismo e até a falta de respeito para com o outro e para consigo mesma.

Hoje um dos grandes desafios esta em motivar a criançada, adolescentes, jovens, adultos e o/as nossos/as queridos/as da terceira idade. O que fazer para levá-los a deixar o seu “mundo” e começar a participar da vida e dos acontecimentos da CEB, como catequese, grupo de jovens, grupo de reflexão, celebrações e etc.

Muito de nosso povo hoje estão carentes de afeto. Carentes de receber um bom dia, um sorrizo. Carente de alguém para ouvi-los. Estão precisando de uma mão amiga, de um olhar amigo. Aí esta o caminho, a CEBs precisam ser essa mão amiga. A CEBs precisam ser o olhar amigo.

AS CEBs precisam ser como uma Samaritana a serviço da vida . “Viu, aproximou-se, sentiu compaixão e corou-lhes as feridas” (Lc 10,33-34).

Mas como você (...) pode fazer com que a CEB (...) que você coordena seja uma Samaritana a serviço da vida?

Não tenho uma resposta pronta para você, mas o instrumento são as lideranças da CEB. É o Conselho de Pastoral da CEB (CPC).

Quando ouvimos relatos sobre Atos dos Apóstolos aparece a expressão “como eles se amam”, acredito que aí esta o segredo. A equipe de liderança da CEB precisam ser próxima umas das outras, amigas, precisam amar-se.

O povo da CEB quando ver as lideranças precisam sentir “como elas se amam”, como é bonito o relacionamento entre elas, de tal maneira que desperte em seus corações a vontade de fazer parte do grupo.

O coordenador da CEB é quem deve proporcionar meios para que haja essa união entre as lideranças. É preciso criar momento “íntimo”, bate papo gostoso, momento celebrativo só entre esse grupo e também momento mais ampliado envolvendo os familiares das lideranças.

Estando as lideranças próximas umas das outras, o grupo vai estar fortalecido e não será qualquer obstáculo que levará alguém a desanimar, porque sabe que tem onde recorrer diante das necessidades e não tem nada mais gostoso que ter amigos.

Esse relacionamento fortalecido pela oração, pela Palavra de Deus, pela presença amiga do padre será com certeza notado pelo povo da CEB e eles vão sentir “como eles se amam” e aí como sementeiras vão surgindo novas lideranças, pessoas novas para compor o grupo de lideranças na CEB, porque vão sentindo o gostinho bom de dizer sim ao chamado de Deus para servir ao seu povo. E quando surgir pessoas querendo fazer parte tem que ser acolhida, mesmo que todas as pastorais, movimentos e serviços da CEB já estajam com suas coordenações completas é preciso acolher os que vão dispertando, envolva-os de algum jeito.

Simultâneamente e/ou como um outro passo, é preciso conhecer a CEB. Conhecer o povo da CEB. Conhecer a realidade da CEB. Como em nossa Arquidiocese de Maringá o critério de organização das paróquias em redes de CEBs tem sido de aproximidade (geográfico) é preciso conhecer a extensão da CEB. A ferramenta é o CPC (as lideranças) e outras pessoas que podem estar ajundando. Importante não esquecer que os/as paroquianos/as precisam estar sabendo da organização da paróquia em redes de CEBs e se ainda não estão é preciso fazer com que saibam. O povo precisa saber a qual CEB pertence.

Para esse conhecer à CEB tem diversos caminhos e seja qual for precisa ser feito com muito acolhimento ao povo. Acolhimento alegre, fraterno e carinhoso é o caminho.

Algumas sugestões

- celebrações (Missa, da Palavra, Oficio Divino das Comunidades e outras)

Nas celebrações é importantíssimo a presença das lideranças (coordenadores/as e vices das pastorais, movimentos, grupos de reflexões e serviços existentes na CEB, catequistas e outras lideranças conforme a realidade de cada CEB).

É importante lembrar que são momentos como esses que o povo perceberão “como eles se amam”.

O acolhimento ao povo deve ser expressivo. Quando vamos em algum lugar e somos acolhidos com carinho temos vontade de voltar. O povo precisa sentir esse carinho de tal forma que os levem sentir “arder” o coração.

Como fazer esse acolhimento caloroso e carinhoso

As ferramentas são as lideranças e outras pessoas que possam ajudar. O acolhimento deve inicar aproximadamente cinco a treis dias antes do dia da celebração. A CEB deve providenciar convites contendo dia, endereço e o horário em que vai acontecer a celebração e deve ser entregue em todas as casas que pertence a extensão geográfica da CEB. Importante que sejam entregue em mãos, deixar na caixinha do correio ou preso na grade do portão só em último caso. Ver a possibiliade do custo com a confecção dos convites ser pago pela paróquia.

No dia da celebração as lideranças e outras pessoas que possam ajudar devem chegar no local da celebração com certa antecedência, para que, conforme o povo for chegando já estarão presente para acolher. O acolhimento tem que ser muito “gostoso” - alegre, carinhoso. Tem que ser com sorriso, aperto forte de mão, um carinho na criança. As pessoas sejam elas uma criança, adolescente, jovem, adulta ou da terceira idade precisam sentir-se acolhida e importante.

Na abertura da celebração a pessoa que for fazer o acolhimento deve fazer de tal forma que o acolhimento seja expressivo, seja realmente acolhedor. Sendo possível fazer espontâneo. O padre, o ministro ou quem for presidir/conduzir a celebração também deve ser acolhedor/a.

A celebração precisa ser preparada e encaminhada para que possa refletir a realidade do povo. A realidade da CEB. O povo precisa sentir-se presente na celebração, para tanto é preciso simplicidade e fazer com que seja participativa.

Se ainda não ouver um entendimento da organização da paróquia em redes de CEBs, o padre ou quem estiver conduzindo a celebração pode ver um momento e conversar com o povo, explicar. Deve levar o povo ao entendimento e a sentir-se motivado para atuar em sua CEB. Pode neste momento motivar para fazer parte dos grupos de reflexão, catequese, grupo de jovens e ajudar nos trabalhos pastorais.

- Pastorais e Movimentos

É preciso organizar as pastorais existentes na paróquia na CEB, conforme cada realidade. Não necessariamente os movimentos eclesiais devem se organizar por CEB, os movimentos têm uma organização própria, que pode não encaixar com a organização de CEB, e precisa ser respeitado. Sendo assim os movimentos podem continuar sua organização em nível de paróquia.

- Cadastramento

Para conhecer a realidade da CEB, como quantas famílias, a faixa etária, grau de instrução, sexo, religião, etc, pode ser através de uma visita casa em casa preenchendo uma ficha por casa. Explica o motivo da visita, pograme um data que pode ser aunciado na missa da matriz para que o povo possa estar sabendo.

Sendo possível, para o dia da visita providenciar um panfleto com os nomes e telefones das lideranças e suas pastorais, dos/as coordenadores/as dos grupos de reflexão existentes na CEB para deixar nas famílias.

- Grupos de Reflexão

Sendo possível, deve haver vários grupos de reflexão. Pequenos grupos formados em cada rua ou quadra da CEB para facilitar á aproximação e o percurso.

- Catequese – PI e PA

Procurar formar os grupos de catequese com as crianças e adolescentes da CEB. Não sendo possível dos grupos de catequese acontecer dentro de seu espaço como nas casas, pode ocorrer no salão paroquial ou outro local existente na paróquia, mas é importante que sejam com as crianças, adolescentes e catequistas da CEB.

- Grupo de Jovens

Com o cadastramento a CEB tem em mãos os dados da juventude. Convide-os para um bate papo, faça um momento celebrativo só com eles e nesses momentos propõe que formem um grupo de jovens.

- Confraternizações

CEBs também é festa. A festa é encontro, é prazer, é sentido. A festa é memória (Ex 12,21-28). Onde há comunidade organizada há alegria e celebração. O ser humano não só trabalha e pensa, ele canta, dança, ri, conta casos, joga, representa. O Salmo 150 sintetiza isso: a vida é uma festa a Deus. Jesus estava na festa das bodas de Caná (cf Jo 2,1-12). Criar momentos de confraternizações, como gincana, festa junina, noite cultural é muito rico e une o povo. Sempre que possível, envolver as pessoas de outras religiões. A vivência fraterna com as pessoas de outras ou nenhuma religião deve fazer parte do cotidiano do povo das CEBs. É graças de Deus o ecumenismo e o diálogo inter-religioso.

- Formações

A CEB deve ter liberdade diante das necessidades para promover formações com diversos temas e também dos documentos da Igreja. Os assessores pode ser da própria CEB, da paróquia ou da arquidicocese.

- Participação dentro e fora da Igreja

A participação leiga de forma ativa, criativa e responsável, dentro e fora da Igreja, é fundamental para a evangelização. Sua missão, própria e específica, se realiza no mundo de tal modo que, com seu testemunho e sua atividade, contribui para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho (cf. DA, 2007, nl. 210, p.102). O CPC deve bucar parcerias com outras organizações ligadas à vida da comunidade (associações de moradores, conselho dos postos de saúde, associação dos pais e professores e outras).

Toda decisão e todos os trabalhos a serem realizados devem ser decidido pelo CPC, em comunhão com o padre, a paróquia e com a arquidiocese.

A presença amiga do padre na CEB anima as lideranças e o povo, sempre que puder deve fazer-se presente.

Os limites geográficos não podem ser absulutos, de modo que se uma pessoa mora numa Comunidade e quer se engajar na outra, possa fazê-lo sem problemas.

O ver, avaliar e agir na CEBs acontece no dia a dia através do CPC, do relacionamento, das postorais, dos grupos, através das atividades. A aproximidade e a convivência no dia a dia vai tornando conhecida as necessidades das pessoas, da comunidade e diante destas é preciso estar atento e de forma ativa, criativa e responsável ajudar cada uma. É preciso curar as feridas. Ser a presença amiga de Deus.

Uma das lições mais importantes das CEBs é que nela o poder é partilhado a seviço de todas e todos. O antigo testamento já é testemunha da eficácia deste modo de administrar o poder (Ex 18, 13-27).

A espiritualidade das CEBs esta enraizada na mistica do seguimento de Jesus Cristo. Encarnada no chão, na luta, no sonhar, no acreditar, no relacionamento fraterno, na busca de responder aos desafios do dia a dia na Palavra de Deus.

Meu abraço fraterno

Lucimar Moreira Bueno (Lucia)
Coordenadora das CEBs na Província Eclesiástica de Maringá
e-mail: barbimuzenza@gmail.com.
Blog: http://www.lucimarbueno.blogspot.com.br