20/06/2012 -Vileci Basílio Vidal *
Iniciou dia 16 em San Pedro Sula, Honduras, o 9º encontro de CEBs
latino-americano e caribenho. No primeiro momento, houve uma análise da
realidade da América Centra. Destacaram-se alguns pontos em comum entre os
países Centro América: desigualdade social, concentração de riqueza, drogas e
armas são situações que contribuem para a violência organizada que desemborca
em guerras civil. América Central é considerada o corredor da migração das
Américas e Honduraso país de maior concentração de armas na região porterem
sido base militar dos Estados Unidos. Isso contribuiu para uma delinquência
armada geradora de empobrecimento, conflitos sociais e um modelo político
autoritário e concentrador, tendo como consequência controle territorial por
parte do crime organizado, aumento do fenômeno da migração, aumento da
vulnerabilidade, deterioração ambiental e exploração dos recursos naturais; mas
também se enfoca no atual período promover investigação na busca de modelos
alternativos, destacando a pressão dos movimentos sociais por demandas de
poder, debates, buscas e construção de propostas alternativas. Luta-se por uma
institucionalidade política e jurídica que ajude a recuperar os espaços
públicos e uma sociedade do bem viver com estratégia de não violência.
Frente a esta situação que desafia a nossa América se destacou os seguintes
elementos relevantes que marcam este encontro: o Espírito de Jesus que nos guia
e nos acompanha nas CEBs, as dificuldades de nossas fronteiras, a diversidade
como riqueza, a defesa da vida ameaçada, a complexidade do mundo em que
vivemos, perguntas pelas raízes da violência, dois modelos de Igreja, o
trabalho com os jovens na opção política. Sete grupos de estudo ajudaram a dar
um panorama da realidade da América Latina na dimensão político, econômico,
social, educação, ecologia, pluralismo religioso e eclesial. Frente aos
aspectos relevantes apresentados destacou-se que devemos está atento ao sistema
ECOBIOPOLÍTICO como fluxo de vida donde se define o alimento com a presença de
três elementos necessários agua, ar e energia.
O pão de cada dia é resultado da relação corpo e terra que dimensiona a
presença de uma população e um território gerando trabalho que por sua vez dar
sentido a uma comunidade. Isto nos proporciona uma sintonia muito forte com a
eucaristia e nos faz compreender que se não há pão não há comunidade e sem
território não somos nada. Portanto, a luta ecológica se iguala a economia que
tem o mesmo significado de cuidar da casa. Esta desatenção ecológica tem gerado
crises nos diversos setores políticos, econômicos, ecológico e social. E que na
América Latina fez gerar novos processos políticos no Brasil, Chile, Equador,
Bolívia, Paraguai, Argentina e Venezuela.Observam-se,neste novo processo
político, que os países mais impactados pelas crises são os da América Central,
próximos aos Estados Unidos e os menos impactados são os da América do Sul.
Frente a estas questões são ameaças para as CEBs do continente a perca da
identidade e a indiferença da Igreja hierárquica a estas causas. Resta às
comunidades reafirmar-se no modelo de Jesus a partir da experiência das
primeiras comunidades cristãs, se articularem com outras religiões, culturas e
movimentos populares na defesa dos direitos da terra, direitos sociais e
ecológicos. Mas, também,não se pode duvidar da mensagem dos bispos que se
sentem unidos as CEBs e entendermos a ecologia como um grito da terra que
expressa o grito dos pobres; e que o homem é uma expressão da crise ecológica e
civilizatória; que a água é um recurso vital, valor simbólico que expressa a
nossa sede de justiça, amor e paz. O desafio maior para as comunidades é resgatar
a eucaristia da cultura do pão, devido está em jogo o atual modelo econômico e
excludente. Mas ainda resta a esperança de que outro mundo é possível, outra
Igreja é possível. Pois, as raízes de uma nova eclesiologia que brota do
Vaticano II aponta para um novo kairós, um novo paradigma de uma Igreja
apostólica, servidora, profética e missionária do Reino.
A assembleia frisou bem as conclusões do relançamento das CEBs na América
Latina que, nestes quatros anos, fortaleceu a formação, a articulação, a
missão, a presença dos jovens, os movimentos sociais e a luta pela questão
ecológica que nos últimos anos tem sido causa de martírio nesta América
sofrida. No Brasil,foramlembrados os mártires da ecologia: Chico Mendes, Irmã
Dourath, o casal José Claudio e Maria do Pará, Zé Maria do Ceará. A assembleia
prossegue até o dia 21 na busca de afirmação de compromisso frente às
diferentes lutas iluminada pela reflexão bíblico-teológica. Estão presentes na
assembleia cerca de 200 delegados vindos das seguintes regiões: Brasil; Cone
Sul - Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai; Andina - Equador, Colômbia e Bolívia;
Caribe - Venezuela, República Dominicana e Haiti; Centro América - Panamá,
Nicarágua, Guatemala,El Salvador e Honduras; Norte - México e Estados Unidos; e
uma representante das Filipinas. Destacamos que o relançamento no Brasil se deu
com o documento 92 da CNBB que veio ajudar na revitalização e fortalecimento
das CEBs através dos encontros das grandes regiões, encontros regionais e
diocesanos, rumo ao 13º Intereclesial.
cultural, a presença de
representantes das comunidades indígenas e afro americanas. Destacamos a festa
da noite cultural do dia 18, como um momento de partilhar e nutrir nossas
raízes e identidade latino-americana.
* Padre Vileci Basílio Vidal da Coordenação do 13º Intereclesial das CEBs.
Fonte: Rede CEBs de Comunicação