Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Homilia Missa do XVIII Domingo do Tempo Comum – 31/07/2011

1ª Leitura: Is 55,1-3 – Exílio: tempo de fome e miséria, falta de bens básicos e de cidadania. O Profeta anima o povo e constata:

- situação de carência: “vós que estais com sede”;

- dependência econômica: “vós que não tendes dinheiro”.

O Profeta espera pela conversão do povo e tem convicção no Deus da Aliança: “ouvi-me com atenção e alimentai-vos bem, para o revigoramento do vosso corpo... Vinde a mim... Farei convosco um pacto eterno”. Este pacto será de vida em liberdade, terra repartida, moradia, saúde etc, isto é, os bens da criação serão para todos sem que uns se apoderem, aproveitem, e falte o necessário para os outros.

- “Às almas Ele dá a Palavra, aos corpos à cura e o alimento”.

- “Aquele que vem a mim não terá mais fome... nem sede...“

- “O pão nosso de cada dia nos daí hoje...”.

Evangelho: Mt 14,13-21 – chaves de leitura:

1º) Consciência de Jesus (soube da morte de João Batista). Na corte houve um banquete: Herodes e seus aliados (Projeto Político em benefício próprio é a causa da pobreza e é politicagem). Para ostentar vida de luxo matam a vida e a esperança do povo. João Batista denunciava, incomodava: “Raça de víboras”, não pactuava com herodíedes (os grupos religiosos da época eram coniventes com a situação de adultério da rica e da corte, mas denunciavam a pobre mulher adúltera). A morte da profecia alimenta a festa dos poderosos.

A Igreja, hoje, deve estar de que lado? Do poder tirano ou dos Movimentos Populares que visam um mundo melhor, de partilha, justiça e dignidade para todos.

2º) Jesus viu a multidão: Jesus é pastor, é líder. Ele devolve a esperança e não despede ninguém de mãos vazias. Ele é o “Novo Maná”. Jesus é pastor que ama, cura, carrega ao colo a ovelha machucada, mas, também, enfrenta o lobo com seu cajado (conscientização – a consciência transforma a realidade).

3º) comportamento das pessoas na multidão:

- Alguns buscam milagres mágicos, enquanto que o maior milagre é “cair em si” (tomar consciência). Não vamos deixar para Deus fazer aquilo que nos compete. Jesus exige compromissos. Em João, capítulo 6, após a pregação, Jesus fica só. Nossos líderes religiosos, hoje, ousam na profecia ou silenciam em torno de temas essenciais. Os donos da memória não devem se tornar donos do esquecimento.

Ex: 2ª Leitura (Rm 8, 35.37-39): Conseqüências de ser cristão diante da vida ameaçada: “Não vos conformeis com este mundo de tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada”. Ser cristão é lutar, é estar no campo de batalha, mas com certeza o amor é indestrutível. Somos vencedores já.

4º) Responsabilidade e mentalidade dos discípulos: despedem as multidões. Eles se preocupam somente com o pão do espírito e que cada um se vire. Jesus põe a fé à prova, quer que enfrentemos o problema. Somos responsáveis pela fome no mundo. “Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão” (Is 55, 2). A partilha, hoje, seria melhorar as políticas públicas, edificar uma sociedade alternativa sem a concentração de renda.

5º) O milagre: acontece a partir do que as pessoas tinham: 5 pães e 2 peixes. Jesus saciou milhares de pessoas com fome, mas Jesus pediu a contribuição humana, como nos pede hoje: nosso trabalho, nossa solidariedade, nosso dízimo e nosso amor. 5 pães e 2 peixes, mesmos impotentes, quando partilhados, todos ficam saciados e ainda sobra.

6º) O milagre: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”. Conversão para o espírito da partilha, banquete da justiça. Partilha: sinal de um novo modo de vida que nasce da organização do povo. Compromisso com uma sociedade justa, idéia revolucionária.

Eucaristia é mero rito ou força revolucionária de alimento libertador? Qual a boa notícia que anunciamos? Mencionamos as causas da pobreza ou tanto faz? Exemplo: Dom Helder dizia: “Se ajudo os pobres me chamam de santo, se aponto as causas da pobreza me chamam de comunista”.

Pe. Leomar Antonio Montagna

Pároco Paróquia Santo Expedito – Maringá Paraná