Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

terça-feira, 1 de março de 2011

Doença associada ao envelhecimento, a osteoporose tornou-se problema de saúde pública

Entrevista realizada pela Revista Maringá Missão com a médica ortopedista Dra Elisabete Kobayashi - Gerência Médica Técnica da Santa Casa de Misericórdia de Maringá.

Confira a entrevista

RMM - Por que a osteoporose acomete mais mulheres do que homens?

Dra Elisabete Kobayashi: Estudos mostram que o auge da plenitude de massa óssea ocorre até os 25 anos, idade após a qual as pessoas perdem, em média, 1% de massa óssea ao ano, como parte normal da evolução. A mulher que tem filhos perde mais massa óssea devido à gestação e amamentação, se não houver reposição de cálcio durante a gravidez e lactação.

Além disso, na menopausa ela perde outro fator de proteção, que são os hormônios. Os homens apresentam uma estrutura mosculoesquelética diferente daquela da mulher, com maior suporte a esforços físicos, o que, de certa maneira, estimula a formação óssea e a manutenção de sua estrutura óssea por mais tempo.

RMM - Quais os locais mais afetados pela doença?

Dra Elisabete Kobayashi: A osteoporose inicia-se em ossos que suportam menos carga, ou seja, os das regiões do crânio e da coluna cervical e dorsal, regiões que, por convenção internacional, identificamos como as de maior risco de fraturas e suas complicações. Além destas, também o punho e o ombro são regiões susceptíveis a fraturas por osteoporose, assim como os membros inferiores, o quadril, a coluna e a porção toracolombar.

RMM - Quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento da osteoporose?

Dra Elisabete Kobayashi: Elencamos vários fatores, como o erro alimentar, sedentarismo, fatores genéticos e doenças de base, além de interferência na absorção de cálcio em decorrência de uso de determinados medicamentos.

RMM - A partir de qual idade o indivíduo deve começar a se preocupar com a doença?

Dra Elisabete Kobayashi: A preocupação deve estar presente desde a infância, durante o desenvolvimento do sistema musculoesquelético. Como já foi dito anteriormente, o auge na massa óssea ocorre aos 25 anos de idade, porém, se houver déficit no ganho durante o crescimento, a pessoa pode não atingir o seu pico máximo de densidade óssea. Além disso, há situações em que se devem tomar cuidados preventivos, como a de gestação ou a de pessoas que apresentem disfunções hormonais (tireoide, diabetes e outros)

RMM - Como é diagnosticada a osteoporose e quais os sintomas?

Dra Elisabete Kobayashi: O conceito de que a osteoporose não dá sinais e sintomas está arraigado na população, mas ocorrem várias alterações de funcionamento do sistema muscuiloesquelético que podem ser sinais de distúrbios do metabolismo do cálcio, os quais levam à perda progressiva de densidade óssea. Estes sintomas vão desde dores indefinidas, tendinites de repetição, câimbras, fadiga, até as fraturas propriamente ditas.

RMM - Qual o tratamento? Os resultados são satisfatórios?

Dra Elisabete Kobayashi: O tratamento básico é preencher novamente o depósito de cálcio no osso, com uma matriz óssea adequada. Para tanto, a suplementação de cálcio diário é necessária, com a vitamina D para melhorar a absorção e fixação, e nas mulheres, a terapia de reposição hormonal.

Além disso, há outros medicamentos que auxiliam no aumento da massa óssea e diminuição de perdas, como os bifosfonados. Os resultados são excelentes em pacientes aderentes ao tratamento e sem comorbidades associadas. A recuperação da massa óssea depende da absorção do cálcio e sua fixação no osso. Em pacientes com doenças associadas esta absorção pode ser menor. Desse modo, o tratamento pode se prolongar para o resto da vida.

RMM - É possível ‘viver bem’, apesar da manifestação da doença?

Dra Elisabete Kobayashi: A qualidade de vida é inegável com o tratamento para a osteoporose. Os pacientes podem ter vida normal e voltar às atividades físicas de graus variados, de acordo com as suas condições gerais.

RMM - Como se prevenir?

Dra Elisabete Kobayashi: A prevenção se faz com uma alimentação saudável e rica em cálcio (laticínios principalmente), atividade física regular, banhos de sol e check-up anual.


Fabiana Ferreira

Jornalista