-- Vai dormir, veio!
Trajando blusa vermelha, com os adesivos de DILMA, eu tinha ido pegar um dinheirinho no banco para poder pagar uma garrafa de água mineral, já que a jornada iria demandar a ingestão de muito líquido, em meio ao calor desidratante... De repente, e não menos que de repente, uma senhora me reconhece, sai do carro correndo e me entrega, na saída do banco, uma bandeira vermelha:
-- Foram as crianças que fizeram. Faço questão de entregar uma ao senhor!
Na bandeira, bordada com capricho, a inscrição: EU QUERO DILMA!, encimando um colorido coração.
Daí por diante, aquela bandeira tornou-se o brilho da minha militância, ao longo daquele dia de eleição, indo e vindo pela Rua da Harmonia: foi não foi, passava uma pessoa, às vezes, um grupo de pessoas, a pés ou de carro, e exclamavam com espontaneidade e prazer:
-- Eu também quero!
-- Nós também queremos!
-- É isso aí!
Mas a surpresa mais gostosa foi quando, de novo, de repente, pàra outro carro, repleto de gente “avermelhada”, e sai pra fora, a muito custo, uma anciã de oitenta e tantos anos, nada menos que para me dar um abraço, beijar-me e fazer-se fotografar comigo. Dona Quinha, da Macaxeira, a devota de São Jerônimo, em cuja honra celebramos todo 1º de Maio, lá na Rua Maria Amália... Dona Quinha, repito, na maior emoção, me encara e profetiza:
- “Mulher brasileira, em primeiro ligar”!
Conduzida carinhosamente pela família, acabara de realizar aquilo que para ela, naquele II turno particularmente, era motivo de grande honra e imensa satisfação: votar numa Mulher para Presidente do Brasil!
Creio que Benito de Paula, ao compor a canção em homenagem à Mulher Brasileira, jamais imaginara a dimensão que suas proféticas palavras um dia haveriam de alcançar. Realmente,
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Na verdade, a eleição de DILMA ROUSSEFF, pelas palavras mesmas do seu primeiro discurso como Presidenta eleita, representa uma mudança de paradigma:
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Agora, sim, para o Brasil, chegou a vez da Mulher. E vamos poder agradecer a Deus: não, porque a mulher seja ou queira ser melhor ou maior que o homem, mas porque ela é diferente, e o país vai poder, com certeza, beneficiar-se da riqueza dessa diferença. Nossa esperança é de que a força da intuição, o cuidado com a vida, feito de ternura e firmeza, a qualquer custo, com prioridade para o mais frágil, a superação de todos os preconceitos e discriminações, passem a governar este país, por muitos e muito anos.
Ela fará a sua parte. Caberá às demais mulheres e a toda a sociedade fazerem a sua parte também.
Recife, 1º de novembro de 2010 – Dia de Todos os Santos
Reginaldo Veloso,
Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs
Assistente Regional do Movimento de Trabalhadores Cristãos
- MTC