Fórum Nacional pela Reforma Agrária reafirma importância da realização do Plebiscito Popular após divulgação dos dados parciais sobre conflitos e violência no campo da CPT
O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo diante dos dados sobre Conflitos e Violência no Campo divulgados hoje, 1 de setembro de 2010, pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) reafirma a oportunidade e a necessidade do Plebiscito Popular para se colocar um limite à propriedade da terra.
Essa oportunidade e necessidade ficam patentes quando se vê que no Nordeste, região historicamente dominada pelo latifúndio, se concentram 54% dos conflitos por terra, no período de janeiro a julho de 2010. Colocando-se um limite à propriedade poderão ser disponibilizadas mais áreas para a Reforma Agrária, com isto acabando com a causa geradora de tantos conflitos.
Os dados também nos mostram que ao capital interessa gerar lucros a qualquer custo. Por isso onde o agronegócio é mais moderno e sólido, nas regiões mais ricas e prósperas do país, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, utiliza de relações de trabalho as mais arcaicas, como é o caso do trabalho escravo. Nestas regiões cresceram os números de ocorrências de trabalho escravo e ou de trabalhadores submetidos a condições de escravidão e libertados pela ação do Ministério do Trabalho.
Outra evidência que surge dos dados é a conivência do judiciário com o modelo de desenvolvimento em curso hoje em nosso País. As ações dos movimentos sociais que reivindicam a Reforma Agrária são analisadas pelo judiciário sob ótica da criminalidade. Onde os movimentos sociais são mais atuantes e o número de famílias que procuram terra é maior, crescem as ações de despejo. Isso acontece, no Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Com isso, procura-se barrar toda e qualquer ação que se oponha à hegemonia do agronegócio.
No Sul e no Sudeste, a mão do judiciário na defesa do agronegócio se manifesta no aumento de trabalhadores presos.
O aumento expressivo de 32% nos conflitos pela água deixa claro que o modelo de desenvolvimento abraçado pelo governo, apoiado no interesse das grandes corporações nacionais e internacionais agride comunidades e povos tradicionais aos quais pouca ou nenhuma atenção se dá.
O Fórum aponta como única solução para os conflitos e a violência no campo, a realização de uma profunda reforma agrária que reconheça os direitos das comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais e que realize um grande processo de distribuição de terras para aqueles que delas querem tirar o seu sustento. A definição e implantação de um limite para a propriedade da terra é o passo inicial para esta reforma agrária, centenas de vezes anunciada e nunca realizada.
O Fórum mais uma vez conclama toda sociedade brasileira a se manifestar no plebiscito popular entre os dias 1 a 7 de setembro a favor de se colocar um limite à propriedade da terra.
Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com