Pumza Fihlani
BBC News, Durban
Com um design futurista, um funicular e acabamentos de mármore, o estádio Moses Mabhida tornou-se numa das principais atracções turísticas de Durban, antes da realização do Campeonato do Mundo na África do Sul.
O novo estádio de 450 milhões de dólares recebeu o nome de um activista anti-apartheid e herói da classe trabalhadora negra, mas alguns sul-africanos dizem que a sua memória não está a ser respeitada pelas pessoas que usam o estádio para mal tratar os pobres.
“Eles deviam ter chamado o estádio PW Botha, um opressor, não Moses Mabhida, o nosso pai. Isto é um gozo acerca do que ele representava”, diz Johannes Mzimela, um vendedor de gelados.
Mzimela está chateado com aquilo que chama de “raides hostis” da polícia municipal de Durban, contra os vendedores que operam perto do estádio ou qualquer um dos lugares reservados para o Mundial.
Os regulamentos da FIFA estipulam que ninguém para além dos seus parceiros oficiais, está autorizado a comercializar ou promover os seus produtos nas zonas circundantes aos lugares da organização do Campeonato do Mundo.
Clement Zulu que tem vendido gelados nos últimos 25 anos, acusa a polícia municipal e os gestores do estádio Moses Mabhida, de promoveram as desigualdades entre ricos e pobres.
“As grandes empresas que nem sequer precisam do dinheiro como nós, são aqueles que vão poder vender aqui – eles podem pagar aquilo que é necessário por uma licença”, referiu.
‘Pobres mais pobres’
Todos aqueles que não são parceiros oficiais têm de se candidatar na câmara municipal a uma “licença para eventos”.
As penas para os transgressores vão desde prisão até uma multa calculada pelos lucros da empresa.
As cidades sede da competição, a FIFA e os comités organizadores locais são obrigados a criar zonas comerciais restritas à volta dos estádios e áreas de importância durante o torneio.
Os gestores dos estádios recusaram-se a comentar as criticas dos vendedores de rua, mas a FIFA defende que tem de proteger os patrocinadores oficiais daqueles que querem lucrar do evento sem terem feito qualquer contribuição financeira.
Mas muitos vendedores referem que nem sequer sabem como devem candidatar-se às licenças.
“Estão a obrigar-nos a saltar centenas de barreiras para que façamos num mês aquilo que aqui fazemos há anos, vender no estádio”, diz Nhanhla Mkhize um vendedor de gelados.
Ele diz que todas as esperanças que o Mundial possa melhorar a sua vida foram dissipadas.
“Agora eu sei que isto é apenas uma lembrança que os ricos vão ficar mais ricos e os pobres mais pobres”, referiu.
Criminosos
Milhares de milhões de dólares foram gastos na requalificação dos aeroportos, hotéis e na construção de novos estádios em algumas das novas cidades sede do torneio, tudo para acomodar os aguardados 450 mil adeptos estrangeiros.
A África do Sul espera receber a maior parte dos lucros durante o evento, mas os vendedores de rua dizem que sabem que não vão ver um cêntimo desse dinheiro.
Jabulane Ngubane é um vendedor de rua que diz que o Mundial está a ameaçar o sustento da sua família.
“A polícia persegue-nos como se fossemos criminosos”, refere Ngubane, que vende bebidas e pacotes de batatas fritas.
“Se este é um modo de vida errado, então eles têm de nos mostrar o que é correcto porque quando procuro um emprego não consigo arranjar nenhum e quando vendo nas ruas confiscam-me o meu trólei”, afirma.
Ele é de Pietermaritzburgo e trabalha em Durban, a cerca de 50 quilómetros de distância, viajando para casa uma vez por semana para ver a família.
Ngubane sustenta 13 crianças da sua actividade de venda nas ruas.
Antes da pressão policial, Ngubane diz que fazia 54 dólares por dia e conseguia mandar pelo menos 161 dólares por semana para a família.
Quando os produtos são confiscados, os vendedores recebem multas que vão dos 13 aos 40 dólares, que em muitos casos equivale a um dia de ordenado.
Os produtos perecíveis como os gelados ficam muitas vezes estragados durante os raides ou quando estão armazenados.
Devido a isto, Ngubane está a começar a ressentir o torneio.
“Eu não quero ter nada a ver com o Campeonato do Mundo; já nos causou muita dor”, assegura.
“Ficarei feliz quando tudo isto terminar, talvez a polícia nos deixe em paz para que possamos ganhar dinheiro para sustentar as nossas famílias”.
Com um design futurista, um funicular e acabamentos de mármore, o estádio Moses Mabhida tornou-se numa das principais atracções turísticas de Durban, antes da realização do Campeonato do Mundo na África do Sul.
O novo estádio de 450 milhões de dólares recebeu o nome de um activista anti-apartheid e herói da classe trabalhadora negra, mas alguns sul-africanos dizem que a sua memória não está a ser respeitada pelas pessoas que usam o estádio para mal tratar os pobres.
“Eles deviam ter chamado o estádio PW Botha, um opressor, não Moses Mabhida, o nosso pai. Isto é um gozo acerca do que ele representava”, diz Johannes Mzimela, um vendedor de gelados.
Mzimela está chateado com aquilo que chama de “raides hostis” da polícia municipal de Durban, contra os vendedores que operam perto do estádio ou qualquer um dos lugares reservados para o Mundial.
Os regulamentos da FIFA estipulam que ninguém para além dos seus parceiros oficiais, está autorizado a comercializar ou promover os seus produtos nas zonas circundantes aos lugares da organização do Campeonato do Mundo.
Clement Zulu que tem vendido gelados nos últimos 25 anos, acusa a polícia municipal e os gestores do estádio Moses Mabhida, de promoveram as desigualdades entre ricos e pobres.
“As grandes empresas que nem sequer precisam do dinheiro como nós, são aqueles que vão poder vender aqui – eles podem pagar aquilo que é necessário por uma licença”, referiu.
‘Pobres mais pobres’
Todos aqueles que não são parceiros oficiais têm de se candidatar na câmara municipal a uma “licença para eventos”.
As penas para os transgressores vão desde prisão até uma multa calculada pelos lucros da empresa.
As cidades sede da competição, a FIFA e os comités organizadores locais são obrigados a criar zonas comerciais restritas à volta dos estádios e áreas de importância durante o torneio.
Os gestores dos estádios recusaram-se a comentar as criticas dos vendedores de rua, mas a FIFA defende que tem de proteger os patrocinadores oficiais daqueles que querem lucrar do evento sem terem feito qualquer contribuição financeira.
Mas muitos vendedores referem que nem sequer sabem como devem candidatar-se às licenças.
“Estão a obrigar-nos a saltar centenas de barreiras para que façamos num mês aquilo que aqui fazemos há anos, vender no estádio”, diz Nhanhla Mkhize um vendedor de gelados.
Ele diz que todas as esperanças que o Mundial possa melhorar a sua vida foram dissipadas.
“Agora eu sei que isto é apenas uma lembrança que os ricos vão ficar mais ricos e os pobres mais pobres”, referiu.
Criminosos
Milhares de milhões de dólares foram gastos na requalificação dos aeroportos, hotéis e na construção de novos estádios em algumas das novas cidades sede do torneio, tudo para acomodar os aguardados 450 mil adeptos estrangeiros.
A África do Sul espera receber a maior parte dos lucros durante o evento, mas os vendedores de rua dizem que sabem que não vão ver um cêntimo desse dinheiro.
Jabulane Ngubane é um vendedor de rua que diz que o Mundial está a ameaçar o sustento da sua família.
“A polícia persegue-nos como se fossemos criminosos”, refere Ngubane, que vende bebidas e pacotes de batatas fritas.
“Se este é um modo de vida errado, então eles têm de nos mostrar o que é correcto porque quando procuro um emprego não consigo arranjar nenhum e quando vendo nas ruas confiscam-me o meu trólei”, afirma.
Ele é de Pietermaritzburgo e trabalha em Durban, a cerca de 50 quilómetros de distância, viajando para casa uma vez por semana para ver a família.
Ngubane sustenta 13 crianças da sua actividade de venda nas ruas.
Antes da pressão policial, Ngubane diz que fazia 54 dólares por dia e conseguia mandar pelo menos 161 dólares por semana para a família.
Quando os produtos são confiscados, os vendedores recebem multas que vão dos 13 aos 40 dólares, que em muitos casos equivale a um dia de ordenado.
Os produtos perecíveis como os gelados ficam muitas vezes estragados durante os raides ou quando estão armazenados.
Devido a isto, Ngubane está a começar a ressentir o torneio.
“Eu não quero ter nada a ver com o Campeonato do Mundo; já nos causou muita dor”, assegura.
“Ficarei feliz quando tudo isto terminar, talvez a polícia nos deixe em paz para que possamos ganhar dinheiro para sustentar as nossas famílias”.