Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Voz de Cristo em um mundo desorientado

Nesta última terça-feira, celebramos aqui em Maringá um encontro de presbíteros e bispos vindos das dezoito dioceses do Paraná. Esse evento marcou a comemoração do ano sacerdotal proclamado pelo Papa Bento XVI, quando comemoramos os 150 anos da morte do presbítero João Maria Vianney, chamado de “Cura de Ars”, modelo de vida e testemunho sacerdotal vibrante.

Como tema central para a reflexão neste ano sacerdotal o Santo Padre escolheu: Fidelidade de Cristo, Fidelidade do Sacerdote. No encontro realizado aqui em nossa arquidiocese, ficou mais uma vez a marca da comunhão e da fraternidade presbiteral que deve crescer cada vez mais entre nós.

Neste clima celebrativo, o Papa Bento XVI, na catequese feita aos peregrinos na quarta-feira (7), afirmou a importância de que o sacerdote seja fiel na hora de ensinar a doutrina da Igreja.

“Hoje, em plena emergência educativa, a missão de ensinar da Igreja, exercida concretamente por meio do ministério de cada sacerdote, é particularmente importante… Vivemos em uma grande confusão sobre as escolhas fundamentais da nossa vida e os interrogantes sobre o que é o mundo, de onde vem, para onde vamos, o que temos que fazer para realizar o bem, como temos que viver, quais são os valores realmente pertinentes.”

Segundo o Papa, “existem muitas filosofias opostas, que nascem e desaparecem, criando uma confusão sobre as decisões fundamentais, como viver, porque já não sabemos, normalmente, de que e para que fomos criados e para onde vamos”.

Diante disso, recordou a passagem evangélica em que Jesus demonstra sua compaixão pela multidão “porque era como ovelhas sem pastor”. E afirmou: “Esta é a função que o sacerdote exerce na pessoa de Cristo: fazer presente, na confusão e na desorientação da nossa época, a luz da Palavra de Deus, a luz que é o próprio Cristo neste nosso mundo…

Precisamente nisso consiste sua força profética: mostrar a única novidade capaz de operar uma renovação autêntica e profunda do homem, isto é, que Cristo é o Vivente, é o Deus próximo que age na vida e para a vida do mundo e nos oferece a verdade, a maneira de viver”.

O sacerdote deve ensinar “não com a presunção de quem impõe verdades próprias e sim com a humilde e alegre certeza de quem encontrou a Verdade, foi agarrado e transformado por ela e, por isso, não pode senão anunciá-la… O sacerdócio, de fato, não pode ser escolhido por ninguém, não é uma forma de alcançar a segurança na vida, de conquistar uma posição social: ninguém pode oferecê-lo nem buscá-lo por si só.
Dirigindo-se aos sacerdotes, Bento XVI assegurou que o povo “pede para escutar dos nossos ensinamentos a genuína doutrina eclesial para, por meio dela, poder renovar o encontro com Cristo que dá a alegria, a paz, a salvação”.

Por isso, o encontro realizado em Maringá incentivou os presbíteros a sentirem juntos a missão de levar todos ao encontro com “Cristo, Caminho Verdade e Vida”, a fim de que neste mundo desorientado, tenhamos no coração e na vida essa única certeza: o Senhor está conosco.

Não existimos unicamente para nós ou para as coisas, somos o que somos com a graça de Deus. Assim a nossa missão é sustentada pela escolha que o Senhor fez. “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”.

Chamados e escolhidos, queremos ser no mundo a voz que ensina e o coração que aprende, as mãos que abençoam e os ouvidos que escutam, os pés que seguem o único Mestre e a coragem do Bom e Amado Pastor, para caminhar com o rebanho a nós confiado, sendo fiéis até o fim.

“A Sagrada Escritura, os escritos dos Padres e dos Doutores da Igreja, o Catecismo da Igreja Católica são, a este respeito, pontos de referência imprescindíveis no exercício da missão de ensinar, tão essencial para a conversão, para o caminho de fé e para a salvação dos homens.”

Dom Anuar Battist
Arcebispo de Maringá