A afirmação foi feita após a visita de Lula à unidade de Três Lagoas (MS) da Fibria, empresa produtora de celulose, controlada pelo Grupo Votorantim e pela BNDESPar (braço de participações do BNDES). "Nós vamos recuperar a Telebrás. Nós vamos utilizá-la para fazer banda larga neste país", disse.
A rigor, a reativação da Telebrás não depende apenas da vontade do presidente, mas, principalmente, da solução de um processo judicial no qual credores privados e empresas estatais disputam a posse de uma estrutura de cabos de fibra ótica que seria a espinha dorsal da nova Telebrás.
Numa breve coletiva de imprensa, a Folha questionou o presidente se não lhe parecia estranha a forte valorização dos papéis da Telebrás na Bolsa paulista durante o seu mandato. O presidente respondeu: "Primeiro, se cresceu 35.000%, para mim é novidade. Agora, que ela vai crescer, vai".
Reportagem da Folha mostrou que a valorização dos papéis coincidiu, nos últimos sete anos, com declarações sem embasamento oficial e publicações, em blog e no Twitter, de informações sobre planos do governo de reativar a empresa.
Lula nega, entretanto, que informações privilegiadas tenham saído de dentro do governo. "Não saiu informação [privilegiada] de dentro do governo. No meu governo, as ações de todas as empresas cresceram. Se o jornal em que você trabalha tiver ações na Bolsa, pode estar certo que cresceram muito também."
Lula também cobrou ações de investigação para o caso de ter havido especulação com papéis da estatal. "Se a CVM [Comissão de Valores Mobiliários] entende que houve vazamento, por isso alguém foi privilegiado, aí cabe investigação."
O projeto de banda larga extrai a Telebrás da condição de inativa. Após a privatização das companhias estaduais e da empresa nacional de longa distância (Embratel) - no governo FHC -, a empresa deixou de ter relevância no setor. Lula negou que essa valorização das ações numa empresa praticamente inativa tenha ocorrido em razão de vazamentos de informação pelo governo.