Em reunião ontem com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deputados que representam empregados e patrões concluíram que uma proposta de consenso está difícil e decidiram criar uma comissão para discutir o assunto.
Uma nova reunião foi marcada para o início de dezembro. Regimentalmente, o tema está pronto para ser votado pelo plenário da Casa.
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, afirma que os trabalhadores estão dispostos a negociar. Uma das contrapartidas oferecidas seria aceitar a proposta de desoneração da folha de pagamento - medida reivindicada pelo setor produtivo, mas que sempre foi atacada por sindicalistas.
Outra alternativa, adianta o deputado, seria escalonar a redução da jornada, reduzindo a carga em uma hora a cada semestre. "Vamos aproveitar que no ano que vem o Brasil vai estar crescendo e é ano eleitoral, quando os políticos são mais sensíveis, para votar a redução da jornada", disse Paulinho.
Para o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), a experiência internacional mostra que a redução da jornada não resolve o problema do desemprego. "O desemprego se resolve com investimentos, com educação e com clima de confiança entre os empresários", disse ele.
O deputado não quis informar quais são os limites da negociação com os trabalhadores. Declarou ainda que, no Brasil, a informalidade é muito elevada, e os trabalhadores alcançados pela legislação trabalhista estão cada vez mais protegidos.
Na avaliação dos sindicalistas, a redução da jornada para 40 horas pode gerar mais de 2 milhões de empregos. Eles afirmam ainda que o aumento de custo na produção seria de 1,99%, o que representa algo marginal diante da produtividade alcançada pelas empresas brasileiras nos últimos anos.