Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Para o presidente do Incra pesquisa que indica que 37% dos assentados não produzem nada foi direcionado

A reportagem é de Isabel Sobral e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 14-10-2009.

"Essa pesquisa foi direcionada para desqualificar a reforma agrária e dizer que ela não é necessária para o País, mas digo que é necessária, sim, para diminuir as enormes desigualdades", afirmou Hackbart.
Segundo o Incra, há hoje no Brasil cerca de 1 milhão de famílias vivendo em assentamentos, por isso a amostragem ouvida pelo do Ibope, de mil famílias, não seria representativa.
O presidente do Incra rebateu, principalmente, a conclusão da pesquisa de que 72,3% dos assentamentos avaliados não geram renda com a produção, dos quais 37% nada produzem. "É totalmente equivocado pegar o dado de produção para questionar a reforma agrária, porque estamos falando de um universo de pessoas excluídas", declarou Hackbart.
Para o Incra, antes de se medir o volume de produção, é preciso considerar que no Brasil a reforma agrária também serve para "levar cidadania e dar condições dignas de moradia às pessoas excluídas".
Apesar de citar alguns exemplos isolados de assentamentos com produção, o presidente do Incra reconheceu que o governo não tem os dados sobre quanto e o que se produz nesses locais.
Ele prometeu, porém, que até o final deste ano o Incra terá os primeiros resultados de um levantamento que está sendo feito pela área técnica do instituto para obter essas informações.
"A amostragem que vamos ter será muito mais representativa e devidamente estratificada, levando em consideração as características específicas das comunidades e das regiões", argumentou Hackbart.
"Aproveito agora para convidar o Ibope e os dirigentes da CNA para visitarem esses locais e ver o que se produz", insistiu.
ILEGAL
O presidente do instituto questionou outro número, de que 46% dos assentados têm a terra adquirida de outra pessoa, sem vínculo sanguíneo. Segundo Hackbart, o dado com que o Incra trabalha é de pesquisa interna feita em 2004, mostrando que apenas 10% das famílias assentadas vendiam as terras recebidas. "E isso é ilegal e nós combatemos essa situação", declarou.