(Publicado no Jornal O TEMPO, 04/09/2009.)
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos esteve recentemente em Belo Horizonte, entre outras coisas, para o lançamento de seu mais novo livro, "Epistemologias do Sul": O Papel dos Movimentos Sociais na Produção dos Saberes. Em um dos colóquios com Sousa Santos, eu o ouvi dizer que é difícil imaginar o fim do capitalismo, mas também é difícil imaginar que ele não tenha fim. Ao mesmo tempo em que se interrogava e nos provocava querendo saber quais seriam as alternativas para um mundo melhor, apontava os sinais de esperança que surgem da América Latina.
Indignado com a discrepância entre nossos saberes e práticas e com a falta de teorias para lidar com a quantidade de transformações por que passa o mundo, o intelectual chamou a atenção para o fato da esquerda não ter apresentado nenhuma proposta para a crise. Segundo Boaventura, o que é pior é a própria direita estar buscando essas soluções. As propostas neoliberais não são transformadoras, contemplam apenas a salvação dos impérios financeiros, paradoxalmente, utilizando as reservas do Estado. Apesar de, no momento atual, existirem condições favoráveis para uma melhor distribuição de renda, não há projetos nessa direção. As únicas propostas que conseguem visibilidade são as hegemônicas, que estão sendo disseminadas por todo o mundo e apontam apenas para uma sobrevida desse sistema agonizante, cuja morte permanentemente adiada, vai causar ainda mais estragos no tecido social.
Vivemos uma crise de substantivos. Só nos restaram os adjetivos. Ficou apenas a derivação adjetiva como tentativa de buscar uma diferenciação para substantivos fortes, como revolução, ou democracia, por exemplo. Temos que nos distanciar das teorias tradicionais para que possamos descobrir e utilizar as diversidades do conhecimento. Na América Latina e no Brasil, existe uma grande quantidade de movimentos que não são e não foram estudados pela teoria crítica. São muitas as alternativas de saberes e culturas que não são visíveis. Para construir o novo, precisamos aprender a partir desses conhecimentos que foram ignorados, pois não há justiça social sem justiça cognitiva.
Temos que respeitar e valorizar os conhecimentos oriundos dos movimentos sociais, quilombolas, índios e comunidades que pensam e agem no mundo, a partir da espiritualidade. É fundamental conhecer os novos atores sociais comprometidos com a transformação.
Basta uma pequena pesquisa para constatar que, atualmente, há muito mais líderes indígenas e de movimentos dos sem-terra presos que líderes sindicais ou estudantes. A sociedade não deve fazer coro com essa corrente que, de forma reiterada, promove a criminalização do MST, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Boaventura de Sousa nos dá várias pistas para a construção do novo mundo possível. Dentre elas, destaco a seguinte: "não precisamos de uma grande teoria para mudar o mundo, mas sim conhecer melhor as várias culturas, as diversidades".
Indignado com a discrepância entre nossos saberes e práticas e com a falta de teorias para lidar com a quantidade de transformações por que passa o mundo, o intelectual chamou a atenção para o fato da esquerda não ter apresentado nenhuma proposta para a crise. Segundo Boaventura, o que é pior é a própria direita estar buscando essas soluções. As propostas neoliberais não são transformadoras, contemplam apenas a salvação dos impérios financeiros, paradoxalmente, utilizando as reservas do Estado. Apesar de, no momento atual, existirem condições favoráveis para uma melhor distribuição de renda, não há projetos nessa direção. As únicas propostas que conseguem visibilidade são as hegemônicas, que estão sendo disseminadas por todo o mundo e apontam apenas para uma sobrevida desse sistema agonizante, cuja morte permanentemente adiada, vai causar ainda mais estragos no tecido social.
Vivemos uma crise de substantivos. Só nos restaram os adjetivos. Ficou apenas a derivação adjetiva como tentativa de buscar uma diferenciação para substantivos fortes, como revolução, ou democracia, por exemplo. Temos que nos distanciar das teorias tradicionais para que possamos descobrir e utilizar as diversidades do conhecimento. Na América Latina e no Brasil, existe uma grande quantidade de movimentos que não são e não foram estudados pela teoria crítica. São muitas as alternativas de saberes e culturas que não são visíveis. Para construir o novo, precisamos aprender a partir desses conhecimentos que foram ignorados, pois não há justiça social sem justiça cognitiva.
Temos que respeitar e valorizar os conhecimentos oriundos dos movimentos sociais, quilombolas, índios e comunidades que pensam e agem no mundo, a partir da espiritualidade. É fundamental conhecer os novos atores sociais comprometidos com a transformação.
Basta uma pequena pesquisa para constatar que, atualmente, há muito mais líderes indígenas e de movimentos dos sem-terra presos que líderes sindicais ou estudantes. A sociedade não deve fazer coro com essa corrente que, de forma reiterada, promove a criminalização do MST, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Boaventura de Sousa nos dá várias pistas para a construção do novo mundo possível. Dentre elas, destaco a seguinte: "não precisamos de uma grande teoria para mudar o mundo, mas sim conhecer melhor as várias culturas, as diversidades".