Para onde quer que olhe, a mente contábil está sempre fazendo balanços, equacionando perdas e ganhos, tentando extrair resultados, inclusive de realidades intangíveis.
Embora algumas pessoas critiquem como exagerada a decisão das escolas de suspender o retorno às aulas, por causa do risco de contágio do vírus da gripe A, que vem se espalhando de forma preocupante, a iniciativa, tomada como um momento necessário para reflexão, conscientização da gravidade da situação e assimilação de hábitos de prevenção, terá como saldo a salvação de muitas vidas. Empresas e outras instituições devem se apropriar dos ganhos dessa discussão para enfrentar o H1N1, que não está para brincadeira, lembrando que no passado as gripes espanhola, asiática e de Hong Kong dizimaram muita gente.
Estamos falando de um tipo de vírus. Quantos brasileiros não teriam suas vidas poupadas se o sistema de saúde público funcionasse a contento, se tivéssemos programas eficientes de prevenção de quantas outras moléstias?
São incalculáveis as perdas, em nosso país, decorrentes de doenças que já deveriam ter sido debeladas ou que podem perfeitamente ser controladas, por medicamentos ou práticas adequadas. Agora, com essa pandemia, estamos revendo noções elementares extremamente importantes, como o hábito de lavar as mãos e arejar os ambientes.
Balanços igualmente tristes são aqueles que nos chegam da violência diária. Um levantamento inédito recém-divulgado pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), feito em conjunto com o governo federal, Unicef e ong Observatório de Favelas, revela que, no período 2006 a 2012, poderão morrer assassinados 33 mil adolescentes, com idade entre 12 e 18 anos, no Brasil. A pesquisa, que leva em conta apenas essa faixa idade, considerou dados de 267 cidades com mais de 100 mil habitantes. Foz do Iguaçu, no Paraná, foi apontada como o ambiente mais perigoso para esses jovens.
Sociólogos têm uma expressão pronta para a situação: é um cenário de guerra, dizem, e vão logo estabelecendo comparativos com conflitos armados. A simples prevenção, em várias frentes pode impedir muitas dessas mortes anunciadas. Bastariam, entre outras medidas, maior eficiência das políticas de segurança pública, redução da desigualdade social, combate rigoroso ao tráfico de drogas, investimento em educação para segurar as crianças e adolescentes nas escolas e em atividades paralelas como o esporte, dificultar o acesso a armas. Estima-se haver 14 milhões de armas de fogo legalizadas no Brasil e seis milhões ainda não recadastrados.
Por fim, importa dizer que o adolescente que mais sofre esse trágico risco em nosso país é o do sexo masculino, negro, morador de favelas e periferias urbanas. Um problema social gravíssimo e nem pauta é em nosso Legislativo mor, tão ocupado com seus escândalos.
Paulo César Caetano de Souza
Presidente do CRCPR
Embora algumas pessoas critiquem como exagerada a decisão das escolas de suspender o retorno às aulas, por causa do risco de contágio do vírus da gripe A, que vem se espalhando de forma preocupante, a iniciativa, tomada como um momento necessário para reflexão, conscientização da gravidade da situação e assimilação de hábitos de prevenção, terá como saldo a salvação de muitas vidas. Empresas e outras instituições devem se apropriar dos ganhos dessa discussão para enfrentar o H1N1, que não está para brincadeira, lembrando que no passado as gripes espanhola, asiática e de Hong Kong dizimaram muita gente.
Estamos falando de um tipo de vírus. Quantos brasileiros não teriam suas vidas poupadas se o sistema de saúde público funcionasse a contento, se tivéssemos programas eficientes de prevenção de quantas outras moléstias?
São incalculáveis as perdas, em nosso país, decorrentes de doenças que já deveriam ter sido debeladas ou que podem perfeitamente ser controladas, por medicamentos ou práticas adequadas. Agora, com essa pandemia, estamos revendo noções elementares extremamente importantes, como o hábito de lavar as mãos e arejar os ambientes.
Balanços igualmente tristes são aqueles que nos chegam da violência diária. Um levantamento inédito recém-divulgado pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), feito em conjunto com o governo federal, Unicef e ong Observatório de Favelas, revela que, no período 2006 a 2012, poderão morrer assassinados 33 mil adolescentes, com idade entre 12 e 18 anos, no Brasil. A pesquisa, que leva em conta apenas essa faixa idade, considerou dados de 267 cidades com mais de 100 mil habitantes. Foz do Iguaçu, no Paraná, foi apontada como o ambiente mais perigoso para esses jovens.
Sociólogos têm uma expressão pronta para a situação: é um cenário de guerra, dizem, e vão logo estabelecendo comparativos com conflitos armados. A simples prevenção, em várias frentes pode impedir muitas dessas mortes anunciadas. Bastariam, entre outras medidas, maior eficiência das políticas de segurança pública, redução da desigualdade social, combate rigoroso ao tráfico de drogas, investimento em educação para segurar as crianças e adolescentes nas escolas e em atividades paralelas como o esporte, dificultar o acesso a armas. Estima-se haver 14 milhões de armas de fogo legalizadas no Brasil e seis milhões ainda não recadastrados.
Por fim, importa dizer que o adolescente que mais sofre esse trágico risco em nosso país é o do sexo masculino, negro, morador de favelas e periferias urbanas. Um problema social gravíssimo e nem pauta é em nosso Legislativo mor, tão ocupado com seus escândalos.
Paulo César Caetano de Souza
Presidente do CRCPR