Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pastores, segundo o coração de Deus*

Neste mês de agosto, recordamos os vários chamados na comunidade, para servir melhor e fazer um povo que caminha no bem, na verdade, no amor e na justiça. Assim a vocação presbiteral marca as celebrações do primeiro domingo, a vocação matrimonial é celebrada com o dia dos pais, no segundo domingo, a vocação dos consagrados e consagradas é lembrada no terceiro domingo e os catequistas, evangelizadores leigos e leigas, no quarto domingo. Quero dedicar esta reflexão aos pastores que dedicam o seu tempo diuturnamente, para dar a vida e oferecer pastagens abundantes ao seu rebanho. Esses, são os presbíteros, os anciãos da fé e da oblação, sem medida. O exercício da missão é sempre um compromisso com o Senhor do rebanho e não com qualquer pessoa.

Na terça feira passada, recordamos o patrono, modelo de presbítero, São João Maria Vianey, o primeiro presbítero a trabalhar sozinho em uma comunidade paroquial, na cidadezinha de Ars na França. Enviado para o interior devido ao seu pouco conhecimento do latim e sua oratória limitada, acabou sendo o maior pegador e o modelo de confessor. Dedicava até dezesseis horas no confessionário, não tinha tempo nem para comer. Homem de Deus que atraia gente de todos os lados para ouvir as suas pregações e celebrar o sacramento da reconciliação. Um ministro de Deus dedicadíssimo à oração. Por isso Bento XVI, nosso querido Papa, declarou patrono de todos os presbíteros, abrindo um ano dedicado aos presbíteros, com o intuito de fortalecer a fidelidade ao ministério, tendo como paradigma a fidelidade de Cristo, Bom e Amado Pastor.

O profeta Jeremias recorda a presença do Senhor no meio povo que fala: “Voltem filhos rebeldes, pois eu sou o Senhor e posso pegar um de cada cidade e dois de cada clã para levar a Sião. Pois aí eu vou lhes dar pastores de acordo com meu coração, e eles guiarão vocês com ciência e sensatez”(Jer.3,15). No lugar da ternura que cura e sana toda ferida, no lugar da Palavra que ilumina e faz caminhar, no lugar do orar que fortalece os passos no caminho, no lugar da acolhida que liberta, no lugar do cuidado que traz para dentro do rebanho as extraviadas, o pastoreio, o presbiterado, muitas vezes tem se caracterizado pelos interesses próprios engordando a si mesmo, mascarando o ministério.

O profeta Ezequiel recebe de Javé a seguinte mensagem: “Ai dos pastores de Israel que são pastores de si mesmos! Não é do rebanho que os pastores deveriam cuidar? Vocês não procuram fortalecer as ovelhas fracas, não dão remédio para as ovelhas que estão doentes, não curam as que se machucaram, não trazem de volta as que se desgarraram e não procuram as que se extraviaram (Ez 34,2-4). “Minhas ovelhas se tornaram presas fáceis e servem de pasto para as feras selvagens. Elas não tem pastor, porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho: ficam cuidando de si mesmos em vez de cuidarem do meu rebanho”(Ez 34,8).

Todos nós, nos colocamos livres e conscientes na missão de apascentar o rebanho seguindo o modelo do único e verdadeiro Pastor. Ele é aquele que em nenhum momento pensou em si, aquele que não tinha nem onde reclinar a cabeça, aquele que veio para servir e não ser servido, aquele que conhece as ovelhas e chama cada uma pelo nome, aquele que fala e o rebanho escuta a sua voz, aquele que conduz o rebanho para verdes e abundantes pastagens. Não temos tempo para perder, o rebanho caminha e precisa cada vez mais de pastores segundo o coração de Deus!

Dom Anuar Battisti é arcebispo metropolitano de Maringá