A reportagem é de Adauri Antunes Barbosa e Maiá Menezes e publicada pelo jornal Valor, 06-05-2009.
Para Mozart Neves Gomes, presidente-executivo do movimento Todos pela Educação, o “mais grave desafio” das mudanças será preencher e preparar o quadro de professores.
O MEC prevê o ensino interdisciplinar e a liberdade para o aluno escolher 20% das disciplinas que cursará.
— Se a gente não for capaz de atrair os jovens mais talentosos do magistério para o ensino médio, não resolve o problema de qualidade. Hoje, o professor trabalha em duas, três escolas. Não tem projeto pedagógico que se sustente — diz Mozart, que aprova a proposta de ensino interdisciplinar:
— O ensino médio virou uma grande decoreba para ingresso nas universidades. Com a mudança, o ensino será usado para explicar o cotidiano. O conteúdo será associado à prática.
Para a professora Guiomar Namo de Mello, assessora de projetos de reforma educacional e ex-integrante do Conselho Nacional de Educação, a eficácia do projeto depende de como as disciplinas optativas se encaixarão na carga horária praticada pela maioria dos estados. O projeto prevê o aumento de 2.400 para 3.000 horas-aula nos três anos do ensino médio.
Para a professora Guiomar Namo de Mello, assessora de projetos de reforma educacional e ex-integrante do Conselho Nacional de Educação, a eficácia do projeto depende de como as disciplinas optativas se encaixarão na carga horária praticada pela maioria dos estados. O projeto prevê o aumento de 2.400 para 3.000 horas-aula nos três anos do ensino médio.
— Em Indaiatuba (interior de São Paulo) fizemos um projeto piloto com 24 escolas do ensino médio que possibilitou que a escola optasse por disciplinas que formavam o aluno em quatro áreas diferentes — diz a especialista, afirmando que o MEC está propondo algo já previsto nas diretrizes do ensino médio desde 1988:
— Vejo com espanto e estranhamento, como se tivessem inventado a roda, um negócio que já está posto — criticou.
Em 2007, a ONG Ação Educativa fez uma pesquisa entre 880 alunos de cinco escolas de São Paulo, de 15 a 17 anos, para saber o que eles esperavam do ensino.
Segundo Ana Paula Corte, assessora do Programa de Juventude da ONG, eles querem construir um projeto de vida e de inserção profissional.
Para a especialista, o MEC deve promover a sintonia entre o currículo do ensino médio e os desafios que os jovens sabem que enfrentarão. Ela sugere que, antes de optar pelas disciplinas, o aluno receba orientação:
— Se não houver uma alteração profunda das escolas no modo de orientar seus alunos, o que ele escolher pode não estar na escola — resumiu.
Fonte: IHU Instituto Humanitas Unisinos