Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Culto Ecumênico e Inter-religioso pelos 62 anos de Maringá

Culto Ecumênico e Inter-religioso pelos 62 anos de Maringá
Através do e-mail: cerimonal@maringa.pr.gov.br
Vários munícipes receberam o seguinte convite:
“A Prefeitura de Maringá convida para o culto de Ação de Graças em comemoração aos 62 anos de fundação do município, realizado pela OPEM - Ordem dos pastores de Maringá. dia: 06/05/2009 hora: 20 horas; local: Igreja Sara Nossa Terra - Av. Pedro taques esq. c/ av. Colombo.”
É bonito e até esperado que haja celebrações “particulares” entre os múltiplos grupos religiosos para comemorar os 62 da Cidade Canção. Porém, parece inapropriado que um “único grupo” tenha sido “escolhido” pela Prefeitura, à reveria dos demais segmentos religiosos, para “o culto de Ação de Graças oficial” pelo aniversário de Maringá”.
Em ocasiões como essa, levando em conta que o ato de “Governo” é e dever ser “laico”, o mais apropriado seria um ato Civil Público.
Mas o convite enviado por órgão oficial da Prefeitura de Maringá denunciou a falta de “laicacidade” de Governo e levanta uma pergunta? Que influência teve o grupo neo-pentecostal na fundação de Maringá?
Ao que consta, entre os fundadores, a identidade religiosa majoritária era de Católicos, que ainda continuam maioria; embora atualmente, haja sim, uma multiplicidade de segmentos religiosos; que não exclui, nem destaca um grupo como “o mais importante” na história atual da Cidade. Veja alguns dados históricos do passado: “Constituída por diversas etnias em função da corrente migratória, a cidade apresenta um meio cultural múltiplo, [...]. Possui colônia japonesa de importante influencia na comunidade, assim como portuguesa, árabe, alemã, italiana, etc.” fonte:
http://www.malhanga.com/maringa/conteudo/historia.html
Outro exemplo: No Livro A Igreja que brotou da mata, Padre Orivaldo Robles, traz na página 23 a importância da comunidade Nipo-brasileira: “Na área da diocese de Maringá, famílias japonesas concentravam- se, com maior intensidade em Maringá, Marialva , Floresta, Nova Esperança e Paranavaí. Em relatório à nunciatura apostólica, o bispo informava, no ano de 1960, a existência de uma colônia japonesa composta de aproximadamente 20.500 pessoas. Cerca de 12.500 tinham sido batizados, mas apenas 1000 eram católicos praticantes.”
Fica aí implícita a preservação da identidade Budista; que hoje é parte do mosaico inter-religioso composto por religiões Afro-descendentes, Muçulmanos, Bahá’ís, Espíritas e “filosofias espiritualistas” que compõem o rico e plural cenário da mística local.
Alguns podem perguntar: “Será que os maringaenses têm problemas com a História?” Resposta: Não! Maringá é uma riqueza de bondade e tolerância, justamente porque conhece e reconhece sua História.
A beleza da “Cidade Canção” vai além do verde e das flores que hoje brotam magníficas nos parques. As flores coloridas representam o colorido diversificado dessa gente simples e bondosa. É terra de solo vermelho; vermelho “sangue”. Sangue dos Japoneses, Portugueses, Árabes, Africanos, Italianos... Terra de gente que em plena tolerância acolheu as várias culturas e as religiões de seus pioneiros; sabendo que sem isso Maringá, essa “menina” de apenas 62, não seria a “potência” que é hoje.
O que mais impressiona é que a Prefeitura possui uma “Assessoria para Assuntos Religiosos”; o que em tese, justificaria o “Culto de Ações de graças”. Portanto, é lamentável, que a Prefeitura, não tenha optado por uma celebração ecumênica e inter-religiosa, contemplando a cultura e a fé dos pioneiros da Cidade Canção. Cidade que canta as dores e os amores de um povo cheio de religiosidade; cheio de bondade, cheio de esperança num futuro de paz e respeito às diferenças que até hoje tem feito de Maringá uma cidade “grande”, amável e acolhedora.
Maringá cantou e canta através das vozes dos pioneiros/as a tolerância. Por isso, a Prefeitura, através de sua “Assessoria para Assuntos Religiosos”, perdeu a grande oportunidade de consolidar essa “tolerância” que, evidentemente, precisa ser cultivada, assim como nossas árvores e flores.
Fiquemos atentos para que esse tipo de equivoco não se repita.

Maria Newnum é Protestante, pedagoga, mestre em teologia prática e participa do Movimento Ecumênico de Maringá e do Grupo de Diálogo Inter-religioso de Maringá.