Hoje, Quinta-Feira Santa, recordamos a primeira ceia que Jesus celebrou com os seus amigos mais íntimos, os apóstolos. Foi uma ceia pascal, carregada de surpresas; ninguém estava entendendo o que iria acontecer em breve. Todos queriam estar com Ele, mas não sabiam o que iria acontecer. Por isso, nós repetimos aquela ceia, integrando fé e vida, celebrando o mesmo sacrifício, sem derramamento de sangue, que se realiza em cada altar, em cada celebração da Eucaristia. Ao instituir a Eucaristia, transformando o pão e o vinho em corpo e sangue e, mandando fazer em sua memória, Jesus instituía também os ministros, que perpetuariam pelos séculos aquela mesma ceia. Hoje é o dia também da instituição do presbiterato, dia em que todos os sacerdotes renovam os compromissos assumidos no dia da ordenação.
Esses homens escolhidos, são os presbíteros (sacerdotes), que recebem como missão, continuar pelos séculos afora fazendo a memória daquela celebração, cumprindo o mandato de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”.(I Corintios 11, 23-24) Os presbíteros são em primeiro lugar, homens da Eucaristia, servos do altar, do pão da vida, distribuidores do alimento que gera vida eterna. “Eu sou o pão vivo descido do céu, quem comer deste pão viverá eternamente” (João 6, 51) Ao mesmo tempo, o presbítero, servo da mesa, é também servo da Palavra. Tirado dentre os homens é colocado a serviço dos próprios homens, orientando, instruindo, exortando, anunciando a Boa Notícia que liberta e salva.
O presbítero é homem de Deus e homem do povo. No exercício da sua missão terá como prioridade o estar de Jesus, para depois estar com o povo e estar com o povo para estar com Jesus. É neste jogo de contemplação e ação, que o presbítero semeará não a própria palavra, mas a Palavra que vem do encontro com Ele, homens da Palavra e de palavra. Identificados com Cristo, cabeça, pastor e mestre, os presbíteros encontram a primeira fonte de sua identidade. Ao mesmo tempo, não deixam de ser gente, pessoas humanas, com limites e defeitos, porém revestidos de um poder-serviço que os identificam com o Bom a Amado Pastor. Se eu vosso Mestre lavei os vossos pés, também vós, deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13-14)
A missão é divina, a pessoa é humana, para cuidar dos humanos, sem outro interesse, a não ser a de cuidar com carinho e dedicação do rebanho. O Senhor não escolheu pessoas perfeitas, mas sim, pessoas capazes de amar mais. Faço uma admoestação aos presbíteros que estão entre vocês, eu que sou presbítero com eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participantes da glória que vai ser revelada: “cuidem do rebanho de Deus que lhe foi confiado, não por imposição, mas de livre e espontânea vontade, como Deus o quer; não por causa de lucro sujo, mas com generosidade; não como donos daqueles que lhes foram confiados, mas como modelos para o rebanho” (1 Pd 1,4)
Assim, os presbíteros devem ser pessoas profundamente amadas para poder amar. Presbíteros abertos ao diálogo, com espírito de tolerância, respeitosos ás opiniões dos outros, preocupados em compreender e acolher a todos sem distinção. Homens solidários com os excluídos e descartados. Presbíteros apaixonados pelo Senhor e pela messe. Peço a todos vocês irmãos, que orem por nós e por nosso ministério, para que sejamos fiéis e perseverantes até o fim. Orem para que não falterm trabalhadores na messe do Senhor.
A todos vocês, presbíteros, minha gratidão e vamos construir juntos, a comunhão e a fraternidade, na missão de evangelizar.
*Dom Anuar Battisti é arcebispo de Maringá - PR