Prezados jornalistas da redação!!!
Gostaria de registrar minha indignação com o comentário feito por Humberto Trezzi na ZH de 18 e ainda sobre reportagem sobre escolas Itinerantes e Iterra no dia 19/02, e as falas tendenciosas deste jornal.
Sou psicóloga, trabalho há 13 anos com politicas públicas de saúde e eventualmente sou convidada pelo Iterra para dar aula para as turmas de Magistério e Saúde Comunitária. Quando conheci o Iterra há 4 anos atrás também tinha muitos preconceitos com relação ao MST, pois nunca concordei com nenhuma forma de violência. Para a minha surpresa o que eu experienciei e tenho experienciado todas as vezes que tenho estado naquela escola é na verdade um exemplo de vida coletiva e de democracia participativa, de respeito a vida humana, à natureza e de organização social. Eles nos dão aula de solidariedade, justiça, e acolhimento. Não entendo qual é o problema de sonhar e lutar por uma sociedade mais justa e solídária?
Eu como professora daquela escola não posso conceber que digam na mídia que lá os professores ensinam aos alunos táticas de guerrilha e estratégias de invasão de terras...isso é um absurdo!!!!! EU NÃO FAÇO ISSO!!! E jamais vi alguma ação que demosntrasse isso, durante minhas estadas na escola. Falo isso como profissional de saúde, educadora e cidadã.
Se acham que o que acontece no Iterra é "lavagem cerebral", e que eles cantam "hinos de guerra" então passei por isso na minha juventude e nem era no MST, pois o que vejo hoje na escola, são jovens cantando musicas que falam de amor, de paz, de justiça, sonhos de um mundo novo...tudo isso me reporta a minha vivência em Grupos de Jovens, em minha juventude, ou o que se ve em acampamentos de escoteiros. Ou ainda em Centros de Recuperação para Dependentes Químicos. Então qual é o problema???? Acho que o problema é porque é o MST... e aprendemos culturalmente que sem terra e comunistas "comem criancinhas" ...só que ninguém fala é que isso é mito, é lenda da época da ditadura no país.
Se o governo do estado e o MP se preocupassem mais em chamar a população para, de forma democrática e participante, construir uma política pública que dê conta dos problemas na saúde e na educação e de um projeto de educação preventiva e de promoção a saúde que produza sentido na vida de tantos jovens não teríamos tantos jovens com problemas dos mais diversos, inclusive buscando no mercado da droga uma forma de dar sentido a sua vida. Acho que a ZH deveria fazer o contraponto, mas pelo visto fica dificil, e assim cada vez mais a sociedade terá uma idéia completamente distorcida dos movimentos sociais.
Porque o MP e governadora Yeda não vão vasculhar a roubalheira do Detran???? Ou algumas ONGS que embolsam dinheiro público em beneficio de poucos????
Será que no RS estamos voltando à idade Média, onde os livros de Filosofia que eram contra o poder hegemonico da época eram escondidos a sete chaves???
Qualquer dia vão crucificarvários cientistas sociais, entre eles, Paulo Freire, que aliás é o grande inspirador das escolas itinerantes do MST que tem dado certo há 13 anos.
Eu não consigo entender um governo desse tipo!!!!! e Muito menos o MP que deveria defender os direitos humanos.... e a inclusão social.
Loiva Maria De Boni Santos
Psicóloga Social Comunitária
Professora Universitária
Consultora em Saúde Mental e Dependência Química
Consultora em Saúde Mental e Dependência Química
Tutora da Humanização do SUS
Conselheira do CRP
54 - 9167-1713