O padre de Maryknoll Roy Bourgeois, fundador do SOA Watch, do lado de fora de um prédio de escritórios do congresso em Washington, em 2007, o padre de Maryknoll Roy Bourgeois, há tempo associado à causa da não-violência cristã, que tentou fechar a escola internacional de treinamento militar em Fort Benning, Ga., direcionou hoje sua consciência a uma causa diferente: a ordenação de mulheres na Igreja católica. A reportagem é de Tom Roberts e publicada por National Catholic Reporter, 09-08-2008.
Bourgeois concelebrou e fez a homilia na ordenação de Janice Sevre-Duszynska, uma antiga ativista da paz e defensora da ordenação de mulheres. A ordenação ocorreu dia 9 de agosto na Igreja Universalista Unitária de Lexington, Kentucky.
Numa entrevista no dia 7 de agosto, dois dias antes da ordenação, Bourgeois contou à NCR que ele pensou longa e seriamente sobre sua participação, depois de ter recebido um convite para a cerimônia.
Consultei uma porção de amigos, fiz muito discernimento, falei com uma porção de mulheres amigas. Senti em consciência – esta questão da consciência emerge e eu não sei que outras palavras usar – que, se eu não atendesse à sua ordenação, eu teria que parar de direcionar a questão como o faço”, falando do engajamentos em paróquias e outras jurisdições católicas através do país.
Embora Bourgeois seja mais conhecido como líder de um movimento que se opõe ao treinamento de tropas estrangeiras no que outrora era conhecido como a Escola para as Américas, ele também manteve durante muito tempo, como questão de consciência, que as mulheres deveriam ser ordenadas. O SOA Watch reúne anualmente dezenas de milhares de pessoas em Ft. [Forth] Benning em novembro para um fim de semana de ensinamentos e demonstrações. O nome oficial da escola foi mudado em 2001 para Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação de Segurança [Western Hemisphere Institute for Security Cooperation].
Quando questionado, Bourgeois disse que ele sabia haver “sérias implicações”, se ele participasse abertamente de uma cerimônia de ordenação de uma mulher. Enquanto outros sacerdotes podem ter assistido incógnitos a outras cerimônias de ordenação de mulheres, como porta-voz para a Conferência de Ordenações de Mulheres, disse Bourgeois, foi o único padre masculino ativo a participar abertamente de tal evento.
“Para mim isto parece muito correto”, disse ele na entrevista. “Eu teria problemas em dormir à noite no futuro, se eu não colocasse meu corpo onde estão minhas palavras”.
Considerando as implicações, disse ele, “Eu não sei como eu poderia continuar sendo silencioso na igreja, pois esta é uma questão tão grande para mim”.
“Ao longo dos anos e escutando mulheres amigas – quando se escuta, se fecha a boca e se ouve suas histórias, suas jornadas de fé e, em alguns casos, seu chamado de Deus para a ordenação ao sacerdócio na Igreja católica – há um problema para nós homens na Igreja. O que diremos? Deus chama a nós, mas não a você? Isso é heresia. Estamos mexendo no sagrado aqui”.
Ele também fala sobre a exclusão das mulheres da ordenação como discriminação. “Não podemos justificar a discriminação, não importando com que dureza o tentam os bispos. Afinal, isso está errado. Isso é um pecado. Eis como vejo isto e é por isso que estou indo lá no sábado”.
Ele disse que não falou com nenhum outro interlocutor da mídia ou com seus superiores religiosos antes do evento.
No entanto, ele foi por muito tempo sincero sobre essa questão. Em 1998, como ele observou em sua homilia, ele escreveu uma carta ao restante de sua comunidade, na qual ele chamou o sexismo de pecado.
Como povo de fé”, escreveu, “nós professamos que Deus é todo poderoso e fonte da vida. No entanto, quando se trata de as mulheres serem ordenadas, parece que os oponentes dizem que este mesmo Deus... de certo modo não pode permitir uma mulher ser padre. Imediatamente, nós como homens acreditamos que Deus perde o poder quando as mulheres se aproximam do altar para celebrar Missa”.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Lucimar Moreira Bueno(Lucia) - www.lucimarbueno.blogspot.com